sábado, 31 de agosto de 2013

Corporativismo, o vírus da corrupção!

Ética/Filosofia
por Austri Junior

Há quem diga que a corrupção está no DNA do brasileiro, e a justificativa usada para essa afirmação é que a corrupção no Brasil é histórica, cultural e hereditária, ou seja, quando Portugal "encontrou" as terras brasileiras, enviou para cá as piores espécies de pessoas, aquelas que a sociedade portuguesa não queria circulando em suas comunidades: Ladrões, assassinos, estupradores, prostitutas, cafetinas, corruptos acusados do crime de "lesa majestade"..., em fim, todo tipo de "gentalha". Quando ouço isso, percebo muita raiva nas pessoas. Raiva da coroa portuguesa e raiva do sistema corrupto ao qual a grande maioria dos políticos brasileiros, e as pessoas "comuns" estão mergulhadas. Quando olhamos à nossa volta, vemos  uma gama enorme de corrupção em todas as áreas da sociedade: Governos, escolas, igrejas, empresas, hospitais, pessoas. É claro que as instituições podem se corromper facilmente, pois são administradas e gerenciadas por pessoas, e há entre nós muitas pessoas que não dão a mínima importância para a ética, para a honestidade, para a sinceridade e para a transparência.

As escolas estão cheias de diretoras (e diretores) corruptos/as, que desviam as verbas da merenda escolar, dos programas, sociais, do programa escola aberta... Quando não é isso, a corrupção vem em forma de autoritarismo, manipulações, concessões, apoio aos indolentes, aos omissos, aos ausentes (mesmo que estejam presentes, pois estar no local de trabalho e não trabalhar sobrecarrega o outro, que uma hora vai explodir e falo por experiência própria, algo vivido literalmente na carne). Todo esse apoio por parte da péssima gestora ou do mau gestor acontece em troca de apoio politiqueiro e de uma blindagem para que a corrupta ou o corrupto continue no poder, manipulando a instituição escolar e as pessoas à sua volta, que em sua maioria não percebem, ou fingem não perceber o erro, pois também se beneficiam de uma forma ou de outra, dessa corrupção. Quando alguém denuncia o erro é rotulado como traidor, e é acusado de "falta de corporativismo", entre outras coisas ruins, e acaba tendo o seu nome e a sua reputação jogados na lama, e quase todos (as vezes todos) ficam contra o denunciante. Conhecemos isso como inversão de valores!

Médicos erram e são "blindados" pelos colegas. Corporativismo! O grande problema do erro médico, é que, quando um médico erra, ele pode matar, aleijar ou mutilar uma pessoa. Se alguém rouba alguma quantia de dinheiro, essa quantia pode ser devolvida e o corrupto tem aí a sua oportunidade de se redimir, mas quando um médico rouba a vida de alguém por mais que ele pague uma indenização para a família da vítima, ainda assim, jamais conseguirá consertar o seu erro. Jamais conseguiremos devolver uma vida ceifada, porque não há dinheiro nesse mundo que pague a vida de alguém, mesmo que esse alguém pertença à mais baixa escória de ladrões, assassinos, estupradores, traficantes..., corruptos e maléficos, como os que aqui foram jogados pela coroa portuguesa, e que, supostamente deram origem aos corruptos - seus "herdeiros" - de hoje.

Pastores roubam e ninguém pode contestar, pois se alguém contestar será acusado de  estar sendo "usado por satanás para destruir e dividir a igreja, e dirão para nós, que não devemos olhar para o homem e somente devemos olhar para Jesus, e no mais, não devemos tocar no ungido do Senhor"... Pergunto: Qual senhor? E que ungido? Como teólogo afirmo: Devemos olhar bem para o homem para ver e observar de perto se ele está seguindo mesmo a Jesus, e se não estiver, ponhamo-lo para fora (se o estatuto da igreja permitir), ou saiamos fora dele (se a igreja dele for ministério próprio ou se o presbiterio for corporativista e manter o corrupto em sua função), sem medo de ser acusado de estar "servindo a satanás ou dividindo a igreja". O corporativismo está por toda parte, e se nos recusamos aceitá-lo, nós seremos os errados, e com certeza deixaremos de fazer parte do corpo, mas se ficarmos, ou se deixarmos o corrupto ficar, aí sim, estaremos "servindo a satanás". As pessoas se deixam manipular facilmente pelos corruptos e pelos corruptores porque têm medo de que as coisas se voltem contra elas. Isso acontece tanto nas igrejas, quanto nas empresas ou nas escolas. Os que têm o poder nas mãos podem ser muito cruéis. O mau nas pessoas depende do tamanho do poder que elas detêm. Entretanto, se forem pessoas de bem, o poder jamais as corromperá.

Muitos de nós estamos revoltados com o rumo que o Brasil tomou: Corrupção, drogas, assaltos, assassinatos..., saímos de casa todos os dias para trabalhar e não sabemos se voltaremos com vida. Vemos a impunidade imperar em todas as instâncias... No Brasil crianças e adolescentes podem roubar, matar, se drogar, se prostituir, traficar, votar..., mas não podem trabalhar e muito menos pagar pelos seus crimes. As  bolsas sociais obrigam as crianças e os adolescentes estarem matriculados nas escolas, mas não os "obrigam" a estudar e respeitar os professores. Há um grande clamor da população pela redução da maior idade penal. Em contra partida, há a opinião dos técnicos em políticas públicas, dos (pseudos) intelectuais e daqueles que nunca foram ou tiveram, a sua mãe, uma irmã, uma parente ou uma filha estupradas, ou nunca foram ou tiveram nenhum ente querido assaltados, espancados ou mortos por adolescentes ou crianças, ou até mesmo por um bandido de maior idade, cuja "bronca" fora assumida por um menor, porque "de menor" no Brasil não vai para a cadeia.

Compactuar com a impunidade é corporativismo. Ser corporativista é fazer parte do corpo. Então, seriam os defensores da impunidade que beneficia os criminosos infantis e adolescentes, corporativistas? Ou seja: Os defensores do ECA fazem parte do corpo de bandidos "mirins" (crianças e adolescentes que cometem crimes) e que são usados pelos bandidos adultos para assumirem os seus crimes e delitos?  O ECA nos diz que crianças e adolescentes não cometem crimes, cometem infração. O que é crime, então? Bandidos mirins são largamente apoiados pelos que condenam as cadeias e pelos que soltam os bandidos em "indultos" de Natal, do Dia dos Pais, do Dia das Mães..., muitos desses bandidos geralmente aproveitam esses indultos para roubar, matar e destruir a vida de alguém, e muitos deles não voltam para a cadeia. Porque os nossos legisladores não mudam essas leis? Porque eles não corrigem as distorções das leis toscas, esdrúxulas e ultrapassadas do nosso país? Teriam eles, medo de caírem (ou de que os seus caiam) em suas próprias leis? Corporativismo! Corrupção generalizada!

 Por fim, nessa semana assistimos boquiabertos, incrédulos e indignados, o corporativismo aviltar, afrontar e cuspir na face do povo brasileiro e rasgar a constituição, quando a câmara dos deputados absolveu vergonhosamente o deputado encarcerado Natan Donadon e manteve-o como deputado federal. Fico pensando: Como são esforçados os nossos políticos! As vezes fico impressionado pelo quanto e como eles se esforçam para colocarem o nosso país em primeiro lugar. Primeiro lugar no ranking mundial da corrupção e dos absurdos. O Brasil é (até onde sei), o único país do mundo que tem um deputado federal na cadeia. Isso é que é exemplo de corporativismo! Estou acompanhando esse episódio de perto e não me surpreenderei se os mensaleiros julgados e condenados  pelo STF tiverem o mesmo destino do Donadon. Também não me surpreenderei se o Donadon sair da cadeia em breve, e assumir a sua cadeira no parlamento. O corporativismo no Brasil é uma doença crônica, um câncer maligno e sem esperança de cura, que se alastra como uma epidemia. Corporativismo, o vírus da corrupção!

sábado, 24 de agosto de 2013

A diversidade além do preconceito e da exclusão

Diversidade
por Austri Junior


Com certeza a diversidade extrapola as fronteiras do culturalismo e até mesmo do pluralismo. O olhar atentamente clínico consegue capturar a essência da diversidade, que na sua amplitude - sexualidade, cor, raça, credo, cultura, conhecimento e religião..., também passa pela corporalidade e pela psique.

Indivíduos portadores de necessidades especiais, necessitam serem percebidos enquanto cidadãos do mundo e cidadãos de direitos, e não somente enquanto (ou como) "cidadãos especiais", visto que possuem os mesmos direitos e deveres inerentes à todas as espécies de cidadãos, assim como eles também são.

Valorizar esses indivíduos é tão importante quanto educar e conscientizar as pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de entenderem que as pessoas portadoras de necessidades especiais, sejam elas, cadeirantes, surdas, mudas, cegas..., são acima de tudo, portadoras de talentos e capacidades incríveis, de produzir, criar, inventar, inovar..., e por isso são tão especiais quanto você e eu!

A educação inclusiva é a ponte entre as pessoas especiais e a comunidade escolar, e extrapola os muros da escola, para extrapolar os muros e fronteiras da cidade e do pais, e ganhar o mundo. A participação desses atores em projetos artísticos, culturais, esportivos e sociais, é um "click" para a captura secular da imagem que pode retratar perfeitamente a importância desses indivíduos e seus valores, resgatando-os, e lançando-os como verdadeiros protagonistas e atores da sua própria existência e criação, enquanto criaturas e criadores da arte, da cultura, e de tudo o que eles desejarem criar, fazer, produzir, recriar, refazer, reproduzir... Excluí-los seria crime hediondo. Incluí-los e incentivá-los é reconhecer a capacidade de cada um desses sujeitos, e lucrar junto à sociedade, de experiências maravilhosas que podem com certeza, nos trazer (e trará) ganhos formidáveis, incontestáveis e inesquecíveis.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ruído nas comunicações


Comportamento

 
Em princípio, poderíamos dizer que “nenhum ser humano é uma ilha”, e por esse motivo todos precisam se relacionar uns com os outros, e com certeza, nos relacionamos todos os dias e em todos os momentos, de uma forma ou de outra, com alguma pessoa. E esse relacionamento passa sempre e inevitavelmente, pela comunicação. A comunicação se dá de formas variadas, e é fundamental para os relacionamentos. Os seres humanos são seres sociáveis, que vivem em comunidades e precisam uns dos outros para viver e sobreviver. Precisamos do professor, do padeiro, do gari, do médico..., do aluno – até mesmo as pessoas antissociais se relacionam e se comunicam com outras pessoas. Todos necessitam comunicar-se em seu cotidiano, mesmo as pessoas que não falam, pois a comunicação, não se dá somente através da fala, mas também através dos gestos, dos olhares, das cores... Se não fosse a comunicação, as relações humanas, nesse mundo não seriam possíveis, e tudo estaria profundamente comprometido, a começar pela existência da humanidade. Viver é comunicar-se, e a comunicação é o que permeia as relações humanas e a essência da vida. Se há vida, inevitavelmente tem de haver comunicação. Se deixarmos de nos comunicar, comprometeremos profundamente os relacionamentos, e como o nosso foco prioritário nesse curso é a educação, podemos começar citando alguns exemplos: Se o educador não se comunicar de forma clara com os seus educandos, aniquilará o processo ensino aprendizagem, se o vendedor deixar que os ruídos interfiram na comunicação com o seu cliente, perderá a venda. Entretanto, a maior importância que a comunicação pode exercer nos relacionamentos humanos, está no diálogo entre os líderes mundiais que governam as potências internacionais, que com as suas armas atômicas e letais, podem destruir o mundo e a humanidade.


A nossa experiência no dia a dia em salas de aulas e dentro das escolas tem nos mostrado que a comunicação entre professores e alunos não são das melhores, e alguns desafios têm se levantado dentro da escola nos dias atuais:


Temos observado que muitos professores ficaram “amarrados” no tradicionalismo e na antiguidade. Muitos deles estão vivendo a era em que se amarrava “cachorro com lingüiça”. As tecnologias estão à nossa volta e é uma realidade incontestável, e nos traz ferramentas valiosíssimas, que podemos e devemos utilizar no ensino aprendizagem e na comunicação didática e pedagógica no relacionamento com os alunos no dia a dia. Muitos professores têm medo da tecnologia, e fogem absurdamente dela, ao invés de “partir para o ataque”: Reciclar-se em cursos que lhes tragam maior conhecimento. Os alunos da escola atual dominam a tecnologia melhor de que os seus professores.


Não é a nossa intenção reclamar, ou mesmo justificar falhas, mas sabemos que a boa aprendizagem começa com uma situação favorável. Ambientes quentes, falta de material didático e pedagógico, péssimos salários... Isso e muito mais são ruídos que atrapalham a comunicação entre professores e alunos, e que constroem desafios enormes, que precisam ser vencidos, e urgentemente, pois comprometem a comunicação e o desenvolvimento de ambos: Professor e aluno.


Por último (e não menos importante em nossa análise), queremos citar o caos generalizado em nossa sociedade. A nossa parca experiência vivencial dentro da escola observa que a escola não dá conta de muitas coisas:

·  A ausência e o desinteresse das famílias;
·  O desinteresse e a falta de limites dos alunos;
·  Alunos analfabetos no 4º e até mesmo no 5º ano, 
   e alunos semianalfabetos no 6º ano;
·  As drogas e a criminalidade invadiram as escolas.


Seria a escola tradicional a solução? Seria o construtivismo um caminho inverso da sua própria  proposta (ou, da sua proposta original), e assim o poderíamos chamá-lo 'DESTRUTIVO'? Com certeza, a sociedade não é mais tradicional como aquela que outrora conhecemos. Mudanças aconteceram para melhor e para pior. Para voltarmos ao modelo da escola tradicional (muito educadores em conversa na sala dos professores têm defendido essa ideia), teremos de retroceder em algumas questões das leis, algumas inclusive, se tornaram políticas públicas, com algumas coisas boas e muitas coisas ruins. Entre elas, o Estatuto da Criança e do Adolescente, que precisa de reformas urgentes.


É certo que a família e a escola não têm se entendido muito bem, e que as relações entre essas duas instituições – diga-se passagem, falidas – com certeza estão estremecidas. A família reclama da escola e vice-versa. A família precisa conhecer o seu papel nesse contexto e fazer a sua parte: Educar os seus filhos e impor-lhes os limites, ensinando-lhes as regras para o convívio sadio em sociedade, não utilizar a escolas como “depósito” para os seus filhos e não transferir para a escola, o que é de sua responsabilidade. A grande maioria dos pais só vai à escola em último caso, e alguns chegam à instituição gritando e até mesmo quebrando coisas, e ameaçando os professores de morte. Normalmente é a comunicação de alguém equilibrado, com especialização (ou não), em mediar conflitos que acalmam os ânimos, o que nem sempre funciona, mas com certeza o diálogo é a água que extingue esse fogo constante, insistente e quase sempre, diário, que causam os ruídos na comunicação entre a família e a escola. Como já dissemos acima, onde há vida há comunicação, e é ela, a comunicação, em forma de diálogo, que apaga o fogo destruidor, em todo e qualquer relacionamento. Como diziam os nossos avós: “De uma boa conversa, ninguém escapa!” 

A comunicação é tudo nas relações humanas. Entretanto, o respeito é a base de todo e qualquer relacionamento.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Relações interpessoais

Sociedade/Comportamento
por Austri Junior

Em geral, quando falamos em inclusão, pensamos logo em Projetos, em Programas, ou em Políticas Sociais (públicas ou privadas). Estou trazendo aqui neste texto uma proposta diferente para refletirmos juntos sobre outro tipo de inclusão: A inclusão nas relações interpessoais.


Em nosso dia a dia esquecemos de que precisamos uns dos outro porque pensamos que não precisamos de mais ninguém, e que somos autossuficientes, e acabamos por excluir as pessoas, ou as descartamos, quando elas já não nos são mais úteis, ou não pensam mais como nós... Isso nos torna cidadãos e cidadãs de 5ª categoria, mas nós não enxergamos, e pensamos que somos "cidadãos especiais"

Cidadão Especial é quem sabe conviver bem com todos, até mesmo com os seus adversários. O cidadão e a cidadã especial não descarta ninguém, não menospreza e não exclui pessoa alguma. Se ainda não aprendemos com a vida, que é uma enorme roda gigante, precisamos aprender agora e urgentemente, que pode haver unidade mesmo na diversidade. Quando aprendermos isso, descobriremos que todas as pessoas são merecedoras do nosso respeito, mesmo que sejam, ou pensem diferente de nós. 

Existiria escola, professores, coordenadores, pedagogos e diretores se não existissem os alunos? O que seria dos alunos sem os educadores para lhes ensinar, lhes formar, e ajudá-los nas construções das suas próprias vidas, e a maioria não dá o mínimo valor, e nenhuma importância para isso, e todos os dias faltam com o respeito com os seus professores. As salas de aulas, a sala dos professores e todas as dependências da escola seriam ambientes agradavelmente limpos, e sadios de serem habitados se não fossem as assistentes de serviços gerais? Os alunos poderiam ser alimentados, e os professores teriam cafezinhos se não existissem as merendeiras? Como seria a segurança na escola sem os agentes de segurança na portaria? E quem depende das estagiárias, como seriam as suas vidas, se não fosse a presença delas na escola? Todos têm o seu valor. 

Nós precisamos uns dos outros, e devemos incluí-los em nossas vidas. Excluir as pessoas é um ato desumano e perverso. Nossos valores estão distorcidos, e os bandidos estão posando de mocinhos, não somente nos filmes e nas novelas, mas temos visto o mal prosperar na vida real, “O errado é que está certo...”, já dizia um antigo humorista. 

A verdade, é que é chegada a hora de refletirmos e mudarmos o nosso vértice, para ver que as nossas vidas sem as pessoas, ficam vazias e sem forma. Gostar de quem gosta de nós é muito fácil, amar os que nos amam é automático, e acercar-nos daqueles que concordam conosco é conveniente, mas acolher os inconvenientes é um grande exercício de sabedoria, e demonstração de que atingimos a maturidade. O mundo está cheio de pessoas das quais não gostamos, mas delas precisamos.

É como disse o inesquecível poeta (cantor e compositor) Beto Guedes:
Vamos precisar de todo mundo, pra banir do mundo a opressão, recriar o paraíso agora para merecer que vem depois... A felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver.”

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O cristianismo é mesmo a religião da condenação e da exclusão?

Teologia






No dia dia 29 de Outubro, de 2012,  na seção da Câmara de Vereadores do Município de Piracicaba, SP, o Presidente da Câmara cometeu vários erros fatais, ao impor a sua "soberana" vontade sobre um ouvinte, exigindo a retirada desse homem da tribuna à força, pela Guarda Municipal de Piracicaba e pela Polícia Militar daquele município. Tudo aconteceu porque ao iniciar a seção ordinária, o presidente "convidou" todos os presentes à levantarem-se para a leitura da bíblia. Um homem recusou-se a levantar e então, foi "convidado" à retirar-se pela força policial presente. Junto com ele, também retiraram um homem que estava registrando tudo, com uma câmera fotográfica.

Fatos como esses mexem muito com a minha cabeça, porque causam extrema indignação e repúdio, e vêm reforçar a minha desconfiança e de muita gente que questiona a presença de evangélicos no poder ( e é por essas e outras questões que eu não voto em candidatos evangélicos). Envangélicos são exclusivistas, intolerantes, arbitrários, arrogantes... Do mesmo jeito que fazem na política, também fazem em outros locais onde atuam, inclusive nas igrejas, tornando as igrejas ambientes excludentes, apesar da falsa aparência inclusivista. Os que são e pensam diferente, são excluídos. 

Eis aqui uma das provas, se você duvida, acesse o link, assista o vídeo e confira.


Nas igrejas, a exclusão acontece de forma mais sutil, e até mesmo os olhos e as mentes mais experientes, muitas vezes não conseguem perceber, ou fingem que não perceberam, com medo de receberem o mesmo tratamento. Por isso, faço questão de manter bem aberto, o meu olhar teológico.

A exclusão de um cidadão brasileiro - por parte de um "pseudo cristão", no poder de uma câmara de vereadores - que não estava fazendo nenhum tipo de "bagunça" ou "baderna" - e que não estava ameaçando nada, e nenhuma pessoa, e muito menos nenhuma instituição e nenhuma lei, não somente demonstra o perigo da religião,  quando adicionada ao poder, como também o abuso desse poder. Quando equacionamos religião + estado, o resultado será sempre igual a negativo, e sempre com muito prejuízo para a sociedade. O Presidente da câmara de Piracicaba mostrou arrogância e intolerância de várias formas, com essa atitude negativa. Ele violou o direito constitucional de liberdade de culto (ou não) do cidadão excluído. Ele, ao impor as suas crenças, esqueceu-se de que o estado deve assumir uma postura laica, diante da multiplicidade religiosa ali possivelmente presente. Criticamos a intolerância xiita dos mulçumanos, mas somos xiitas cristãos. Se vamos fazer a leitura da bíblia, em uma seção pública, então temos que ler também o corão, o bagava gita, o evangelho segundo o espiritismo... E tantos outro livros e texto "sagrados", pois "todos são iguais perante a lei". Ou deveriam ser.

Se todos são iguais perante a lei, e sendo iguais todos têm direito de cultuar ou não. Então, eu e nenhuma outra pessoa somos obrigados a levantar-nos ou até mesmo curvar-nos diante da leitura de nenhum texto, "sagrado". Outro fato que quero questionar é que uma pessoa que pratica uma fé ou culto, diferente da fé e do culto cristão, não tem nenhuma obrigação de levantar-se quando outras pessoas se propõem a fazer uso da sua fé, e cultuar aquilo em que acredita. As pessoas que não acreditam em nenhum texto ou mesmo em Deus (e têm todo o direito de escolherem isso), também ficam "desobrigados" desse rito, e a constituição lhes confere essa prerrogativa. Até mesmo um cristão está livre dessa "obrigação". Em algumas igrejas esse rito já não é mais posto em prática.

Quando digo: "Teologia, eu quero ma pra viver", faço uso desse trocadilho, para chamar a atenção de todos para a terrível e difícil trajetória da Verdadeira Igreja de Cristo, muito distante do Amor  e da Graça que Jesus pregou. Os evangélicos estão pregando o Amor e a Graça, somente para si e para os seus. Para os diferentes, eles pregam a condenação e exclusão. Referindo-me aos evangélicos como: "Eles", talvez as pessoas fiquem a questionar: Qual será o credo que ele confessa? Faço questão de responder: Não sou "evangélico". Sou Cristão! Qual a diferença? As diferenças (no plural), são muitas e são todas. Já escrevi sobre isso, aqui no Portal. Procure mais abaixo (nesta mesma página), pelo texto denominado: "Igreja nunca mais!".

sábado, 3 de agosto de 2013

Seria a liberdade uma utopia?

Filosofia
por Austri Junior

Quem em sua sã consciência gosta de ser obrigado à alguma coisa? É certo que muitas pessoas fazem algumas coisas por obrigação, como por exemplo trabalhar, estudar... Se pudessem fazer o contrário disso, fariam. Entretanto, apesar de serem obrigadas, ainda assim, optam por fazê-lo.

Em uma democracia realmente democrática (reconheço a redundância), a ideia que temos sobre esse regime político, é de que todos são  (supostamente) livres. Livres para pensar, livres para escrever, livres para falar, livres para agir, livres para ir votar ou para não ir votar. É claro que a ideia de liberdade traz em seu conceito as suas consequências, pois somos todos cidadãos de direitos mas também somos cidadãos de deveres, e não poderia ser diferente disso. A liberdade tem os seus parâmetros e esses parâmetros são as leis e a ética. Ser livre ou ter liberdade não dá ao cidadão e à cidadã o livre arbítrio para fazer simplesmente o que essa pessoa quiser e pronto, tudo vai ficar por isso mesmo. Não é assim que a sociedade funciona. Uma enorme gama da humanidade confunde a liberdade com a libertinagem. Ser livre é respeitar as leis e os direitos de outrem.

Como dizia no parágrafo anterior a ideia de democracia está ligada à liberdade. Como sou livre para fazer o que quero, também sou livre para obedecer e respeitar as leis que não quero. Tenho que fazer o que essa lei determina. Quanto à "liberdade de votar", no Brasil a lei determina que sou obrigado a votar. Mas como sou livre, posso escolher não ir às urnas para votar. Mas a mesma lei que me obriga a ir às unas para votar, me obriga a pagar uma multa se eu não votar. Então, sou livre para obedecer a lei, mas também sou livre para contestar essa lei e sou livre para protestar contra essa lei. Se eu  recusar-me a pagar a multa (cuja arrecadação financeira vai para os cofres dos partidos políticos), então sou livre para exercer a minha liberdade de ir às unas obrigatoriamente, e votar nulo. Essa é apenas uma das formas que tenho para protestar. Mas será mesmo, o voto nulo uma boa forma de protesto? O que eu gostaria mesmo é ser realmente livre para escolher se vou ou não vou à urnas sem ter outra lei que me obrigue a pagar uma multa que vai  para os cofres dos partidos políticos, e se eu não pagar a multa, não posso viajar para o exterior, não posso me matricular em uma faculdade..., entre outras coisas. Estamos amarrados!

Se os valores das multas arrecadadas fossem totalmente destinados às instituições de caridades, às ong's sérias que cuidam principalmente das gentes, e aos projetos sociais que cuidam das crianças (sem desvios e sem mensalões) eu exerceria com prazer a minha "liberdade" de não ir às urnas para votar, e cumpriria com frugal prazer  a minha obrigação de pagar as multas por não ter ido às unas para votar.

"Inspirado" nas obrigatoriedades que temos no Brasil, de: pagar os nossos impostos, servir à "Pátria amada idolatrada" (Salve! Salve!), matricular os nossos filhos na escola, ir à escola para acompanhar a vida escolar dos nossos filhos..., o senador Cristovão Buarque se posicionou em favor do voto obrigatório. Grande decepção, vindo de um "senador da educação"! O dito senador (da educação) alega que se o voto não for obrigatório só serão eleitos os maus políticos. Talvez seja ele, um entre eles (eleitos), pois são os maus políticos em sua maioria, que são favoráveis à obrigatoriedade do voto, suprimindo assim a liberdade do povo.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"Polícia para quem precisa de polícia!"

Sociedade
por Austri Junior

A Copa das Confederações acabou, o Papa já voltou ao Vaticano e o caldeirão brasileiro continua fervilhando nas ruas. Reconheço a legitimidade dos protestos e os aprovo. Entretanto quero fazer uma pergunta: Não passou da hora de encerrar esses manifestos?  Penso que passou da hora de os manifestantes suspenderem temporariamente os manifestos pacíficos, até que os marginais infiltrados sejam presos pela polícia, que também não está sabendo trabalhar e administrar essa onda de violência. Na realidade não sei se a palavra correta é "administrar", afinal, quem consegue administrar a violência de uma turba animalesca e descontrolada?
Embora a gentileza com os vândalos não caiba nesse contexto, as policias brasileiras só sabem "controlar" as crises com violência. Desnecessário dizer que violência gera mais violência e a polícia também está complicando as coisas quando agride pessoas que estão protestando pacificamente. Após a polícia agredir os manifestantes pacíficos (geralmente as pessoas agredidas são estudantes e muitas das vezes são mulheres), a turba de bandidos infiltrados aproveita para vandalizar a coisa e começa agredir os repórteres e os carros das emissoras. Ora, os jornalistas estão trabalhando, e são agredidos covardemente. Como alguém pode fazer um protesto, seja esse protesto da  magnitude que for, e não querer aceitar a cobertura da imprensa? O que é notícia precisa ser noticiado, escrito, filmado, fotografado, divulgado...
Quando a violência contra os trabalhadores da mídia começa acontecer, a polícia se omite e deixa os jornalistas, repórteres, fotógrafos e os câmeras serem agredidos e nada fazem. Não tenho nenhuma dúvida de que há alguma intenção (maldosa) por parte da policia quanto a isso. É um absurdo, não defender os trabalhadores agredidos e correr para defender as lojas para não serem depredadas. A mesma polícia que precisa defender as lojas, deve também defender os profissionais de mídia.
Gostaria de ver se os manifestantes legítimos e pacíficos se retirassem das ruas, o que fariam os marginais. Será que eles iriam para as ruas  com os rostos escondidos por suas camisas para depredarem e destruírem os patrimônios alheios e as pessoas de bem? Qual seria a atitude da polícia se ao invés das manifestações pacíficas só tivéssemos a ação destruidora dos vândalos nas ruas? Se os bandidos forem às ruas para vandalizarem, sou totalmente favorável que a polícia devolva com a mesmo moeda, tal atitude espúria! 
O que podemos esperar de uma polícia mal preparada, incompetente, violenta, destruidora e vândala como os vândalos? Aqui em vitória temos registros de policiais infiltrados em meio às manifestações promovendo a violência. Também temos registros de que várias pessoas, incluindo moradores de rua que foram pagos para promover a quebradeira e a destruição, inclusive a destruição do Palácio Anchieta, a sede do governo estadual. Pergunto: A quem interessam essas coisas? De onde e da parte de quem, partem essas essas ações nefastas, abomináveis e inaceitáveis?
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral disse que foi "tocado pelo discurso do papa" e se diz "arrependido" por não ter ouvido as vozes das ruas. Bem, então está na hora de começar a dialogar com essas vozes?
A presidente Dilma Roussef já perdeu 24 pontos percentuais na popularidade e o governador Sérgio Cabral foi avaliado como o pior governador do país. Será que ele foi "tocado" pelo discurso do Papa mesmo, ou está sendo tocado pelas eleições de 2014 que se avizinha, e está querendo enganar o povo mais uma vez? Vários outros políticos, entre eles o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, também foram muito mal avaliados. Hoje, a divulgação do índice de credibilidade da sociedade nas instituições mostrou mais uma vez que o povo continua insatisfeito com a classe política. A presidente Dilma está encabeçando a lista de incredibilidade, em seguida vem o governo federal. A polícia também está inserida nesse contexto de descrédito. Aliás, a polícia sempre esteve nessa lista. Continua valendo o corinho: "Polícia para quem precisa! Polícia para quem precisa de polícia!  - Incluindo a própria polícia.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Francisco I, um rastro de luz...

Teologia
por Austri Junior

O teólogo "evangélico", Rubens Teixeira, deu uma entrevista para o Jornal O Dia, analisando a visita papal positivamente, e em seguida, publicou uma "justificativa" da sua entrevista em um portal evangélico.