terça-feira, 3 de novembro de 2015

Se não priorizarmos a vida, só nos restarão as crises e o caos para serem administrados.


O mundo sempre esteve envolvido em crises e em conflitos. Tudo o que estamos vendo acontecer no oriente médio nos dias de hoje não é nenhuma novidade, mas isso não diminui a gravidade do problema, pelo contrário. Pelo fato de que o mundo se torna cada vez mais um lugar hostil para vivermos e criarmos os nossos filhos, é que não conseguimos olhar para a situação dos refugiados sírios sem nos sensibilizarmos e sofrermos com eles. À isso chamamos solidariedade, misericórdia, compaixão... Todo ser humano deveria ter direito à paz ao invés de conflitos. Todo ser humano deveria ter na consciência (mente) a solidariedade, e no coração (alma, sentimento) a misericórdia e a compaixão... Mas, para muitos, ao lerem essas palavras poderão retrucar: "filosofia barata!"

E porque  a solidariedade, a compaixão e a misericórdia, que deveriam ser prioridades nas relações humanas, tornaram-se parte dos discursos religiosos, muitos tendem fechar os olhos e as mentes (as portas e as fronteiras) para as situações mais graves que envolvem crianças inocentes, idosos frágeis, mães desesperadas, pais impotentes, que vivem um caos social e um pesadelo infernal que para eles parecem não ter mais fim.

Foi por causa de atitudes como essas que o nazismo instalou-se na Alemanha, infiltrou-se na América Latina, e quase dominou a Europa. Quando olho para a situação dos refugiados sírios hoje, a minha mente é remetida ao passado, e o que vejo é uma situação semelhante àquela que desencadeou o maior ato de ódio xenofóbico contra os judeus alemães, poloneses e austríacos, que acabou gerando o maior genocídio de todos os tempos.

Para alguns pode ser exagero da minha parte, mas para aqueles que estão sendo rejeitados, presos, derrubados por repórter com uma rasteira, enquanto tentam escapar para a vida, carregando no colo um criança assustada, e sendo tratados como animais selvagens, com certeza as minhas palavras farão muito sentido. É por isso que a Alemanha de Angela Merkel tenta acolher como pode, essas famílias desesperadas, mas o povo alemão já não está mais apoiando a atitude da sua Chanceler, como no início. Lembro-me de que a história mostra que Adolph Hitler tinha o apoio da maioria do seu povo, para as atrocidades que cometeu, permitiu, e autorizou, contra a humanidade, e em seus crimes de guerra.

As relações cordiais há muito tempo perderam lugar para o ódio, para o racismo, para o medo, para a xenofobia, para o egoísmo e para a intolerância religiosa. Os seres humanos, desumanamente estão voltando ao seu estado mais primitivo, e a prova disso são as construções das cercas construídas em nações divididas por ideologias, que separam famílias dentro da sua própria pátria, e não somente isso, mas temos também as cercas que separam nações e excluem pessoas. Palavras como compaixão e misericórdia soam como discursos religiosos para os incrédulos, filosofia barata para os intelectuais frios, apelo e chantagem emocional para os racionalistas, e infantilidade para os que se julgam visionários maduros, e analisam tudo apenas do ponto de vista político, jurídico e  econômico. A verdade é que, se não houver o mínimo de sensibilidade à vida e aos valores humanos nenhuma política e economia poderá ser considerada, pois a organização de uma nação se faz com gentes e para as gentes. Sem pessoas não haverá nenhuma sociedade organizada, o que sobrará para o mundo resolver e administrar serão apenas o caos, as guerras e as crises humanitárias. Já estamos vivenciando isso!
Postado originalmente no Blog Austri Junior em 02.11.2015
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Refugiados
Crise na Síria