domingo, 28 de julho de 2013

Teologar é Libertar!

Teologia da Libertação 
por Austri Junior 

Papa Francisco durante a homilia na missa para membros da Igreja Católica 
Foto: Terra TV / Reprodução


Durante toda a semana tivemos conosco (no Brasil) a figura carismática de Jorge Bergoglio, o Papa Francisco I, argentino, líder espiritual dos cidadãos católicos romanos, cidadão do mundo, Chefe de Estado do Vaticano e Bispo de Roma. O Papa Francisco I com certeza deixará o Brasil com saudades no coração, mas o povo sentirá muito mais a sua falta e se pudessem escolher, com certeza pediriam para que tragam a sede do Vaticano para o Brasil, somente para ficarem mais próximos e mais tempo perto do seu "Grande Papai".

Nos acostumamos a ver pela TV o Papa Francisco I esbanjar amor, carinho, respeito, simpatia..., mas sobretudo Francisco esbanjou sabedoria. Francisco não reclamou da imprudência da policia federal e da prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro que o deixou encurralado no trânsito, e talvez tenha até  gostado disso, pois ficou como ele queria: Literalmente no meio do povo.  Ele também não extrapolou a esfera diplomática, e não feriu nenhum principio da constituição brasileira, mas quando foi necessário, assim como todos nós esperávamos que fizesse, Francisco falou ao povo da Varginha e aos jovens brasileiros e do mundo inteiro para que "não desistam da política e não se conformem com a corrupção". Como diz o proverbio popular: "Para quem sabe ler, um pingo é uma letra".

Francisco falou ao povo coisas da atualidade sempre contextualizando com a bíblia: "Peço licença para bater à porta dos vossos corações com carinho" (Conf. AP 3.20), "Não tenho ouro nem prata..." (Conf. AT 3.6), "Vocês, jovens, têm uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção de pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram seu próprio benefício. Nunca desanimem, nunca percam a confiança. Não deixem que se apague a esperança, a realidade pode mudar. O homem podem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a procurar o bem” - o que o papa está realmente dizendo é: "Não vos conformeis com esse mundo [século]..." (Conf. RM 12.2). E assim, ele pregou contra as injustiças sociais, contra a corrupção, contra a desigualdade social... Teologia da Libertação! Por mais que muitos não gostem ou por mais que fujam dessa teologia, é impossível ignorá-la ou até mesmo excluí-la. A TL (ou TdL como a chamam os cristãos católicos romanos) não estará morta enquanto existir opressão, opressores e oprimidos nesse mundo. Enquanto houver fome, miséria, injustiça e desigualdade social a Teologia da Libertação estará lá para ouvir o grito  dos excluídos! Francisco ouviu esse grito na Comunidade da Varginha. Precisamos todos nós ouvi-lo e fazer coro com os excluídos para que os governantes ouçam também. Cristo morreu gritando pelos excluídos. Ele foi um (de e) como nós: Excluído! Foi por isso que Cristo doou a sua vida. Cabe aos Sacerdotes: Pastores e Presbíteros, bem como aos Teólogos, fazerem ressoar esse grito pelos quatro cantos do mundo. Faz parte da nossa missão e é o nosso chamado: Teologizar para Libertar!

João Paulo II era um homem fantástico assim como Francisco I. Quando Bento XVI assumiu a cátedra do Vaticano o catolicismo perdeu um pouco daquilo que os católicos estavam acostumados: Carisma! Aliás, o carisma tem para os cristãos católicos romanos um sentido profundo e é muito valorizado na igreja. Francisco não só resgatou o (digamos) "carisma perdido" ao seu povo, mas devolveu-lhes a dignidade, a esperança e sobretudo lhes aumentou o "orgulho de serem católicos", coisas essas que andavam um pouco sumidas entre alguns cristão católicos, e eu percebia que quando um católico se apresentava com o "orgulho de ser católico" era quase que uma maneira de afrontar e ao mesmo tempo uma auto defesa contra o povo que (gosto de assim dizer) "se diz evangélico". Agora sinto que não precisam e nunca mais precisarão sentirem-se assim, e muito menos não  precisarão agir assim nunca mais. A simplicidade, a ética, a honestidade, a dignidade e sobretudo a autoridade do líder da igreja além de resgatar ao seu povo essa confiança e respeito, mostrou ao Brasil e ao  mundo inteiro o que é ser católico, mas acima de tudo, superou as bandeiras, as barreiras e as placas denominais (ou denominacionais), e mostrou o que é acima de tudo, SER CRISTÃO.

Francisco não resgatou apenas a dignidade do Cristão Católico Romano, mas também de todos os Cristãos de todas as denominações. Seus gestos e práticas humildes são coerentes com as práticas de Jesus Cristo e com o que deve ser a práxis de um verdadeiro cristão. Atrevo-me em dizer que "o cristianismo católico romano tem um representante legitimo e legitimado não somente pela igreja, mas pela vontade de Deus e pela ação do Espírito Santo de Deus para dirigir a igreja e conduzir o povo de Deus. Um homem do qual se pode dizer (dentro da ortodoxia católica romana): 'digno de calçar as sandálias do pescador'". Qual outro líder espiritual cristão nesses tempos modernos pôde ou pode dizer com a autoridade do Papa Francisco I: "Não tenho ouro nem prata, mas trago o que mais precioso me foi dado: Jesus Cristo". Podem ter certeza, minhas irmãs e meus irmãos, que enquanto eu viver jamais esquecerei essas palavras de Francisco. Jamais esquecerei a cena do Papa Francisco no papa móvel, com aquele garotinho que quer ser sacerdote. Foi muito emocionante (assisti à esse episódio com um grande nó  na garganta e com lágrimas nos olhos). Para ser sincero, jamais esquecerei o Papa Francisco I e a sua visita ao Brasil. Todos os líderes espirituais católicos romanos, protestantes, evangélicos, teólogos, e principalmente todos nós que nos dizemos cristãos, temos muito o que aprender com Mario Jorge Bergoglio, mais conhecido como Papa Francisco I, esse Homem de Deus!

Veja que exemplo de Teologia da Libertação que o papa deu em sua homilia (não diferente do discurso da igreja, independentemente da TdL):
Papa Francisco critica cultura atual, que 'esconde a solidariedade' 
Papa se encontra com representantes da sociedade civil no Rio de Janeiro