Por Leonardo Stuepp
Ao chegar ao ensino médio, o jovem tem diante de si a grande
preocupação que é a sua vida profissional. Nas escolas particulares,
acompanhado por uma coordenação pedagógica, recebe (muitas vezes insuficiente)
orientações quanto ao seu futuro profissional, que na imensa maioria é dirigida
para os cursos superiores de graduação plena. Nas escolas públicas, existe
também esta preocupação e, incentivados com a possibilidade de estudar até de
graça ou por valores reduzidos através dos incentivos governamentais, tais como
o PROUNI e, agora com o sistema de cotas nas Universidades Públicas, os alunos
também são tentados ao ingresso nos cursos superiores, o que em grande parte
acaba sendo uma decisão errônea, pois sem informações melhores, acabam optando
por cursos tradicionais, a grande maioria cursos com mercado de trabalho
saturado. Nestes casos, interessante seria as escolas orientarem seus alunos
quanto aos cursos técnicos de nível médio, que desenvolvem o conhecimento das
operações, técnicas e suas utilizações.
O país cresce e sente falta de trabalhadores qualificados, e
temos milhares de postos de emprego não preenchidos por falta de profissionais
qualificados. Temos cerca de 60% dos jovens que concluem o ensino médio que
param por aí em seus estudos. Então, o ensino profissional torna-se uma opção
como caminho mais curto para o mercado de trabalho, com perspectivas de
ingresso ao ensino superior.
O crescimento da Educação Profissional é um fator estimulante
bem como a forte preparação para o mercado de trabalho. Outro viés favorável da
Educação Profissional é que ela é vista pelos estudiosos da educação como ponte
para o Ensino Superior.
“Pesquisas mostram que 80% dos alunos com formação técnica
têm conseguido boas colocações e melhor reconhecimento nas empresas”, afirma
Carlos Augusto de Maior, diretor da Escola Técnica Estadual de São Paulo -
ETESP – vinculada ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.
“Possuir o certificado de ensino técnico consiste em um diferencial
significativo em relação aos alunos que possuem somente o ensino médio para
inserção no mercado de trabalho”, diz Carlos Maio. Isso porque geralmente não é
somente o conteúdo acadêmico que é trabalhado: “o aluno começa a ter uma
postura profissional, um comportamento mais interessante para as empresas”.
Ainda existe preconceito em relação aos Cursos Técnicos. Mas,
isto precisa ser trabalhado com os alunos, de tal forma que eles possam
verificar que os mesmos são ótimos como forma de entrar no mercado de trabalho.
Hoje temos pessoas de qualquer idade fazendo cursos técnicos e estão servindo
muito bem para o seu aperfeiçoamento. Muitas vezes profissionais formados por
esses cursos conseguem mais ofertas de empregos e estágios do que os recém
formados em cursos superiores.
A procura por profissionais de nível técnico só aumenta, os
cargos em empresas estão mudando muito rápido e precisam de novos
profissionais.
Existe certa confusão quando se usa o termo Curso Técnico. As
pessoas acabam incluindo nisso os cursos profissionalizantes. Entendamos cada
um.
Cursos Profissionalizantes: Esses cursos são livres, isso
quer dizer que não é preciso ter o Ensino Médio completo para freqüentar, como
por exemplo, temos os cursos de informática, ou mesmo alguns cursos que levam o
nome de Secretariado. Como são livres esses cursos oferecem uma certificação de
conclusão, que é muito válida, mas não é igual a um curso técnico. Cursos
Profissionalizantes são muito interessantes como formação continuada de pessoas
já empregadas e que os mantêm preparados e atualizados em sua área.
Cursos Técnicos (Profissionalizantes): A palavra
profissionalizante é o que causa a confusão muito comum, o fato é, os cursos
Técnicos são regulamentados pelo MEC, o aluno precisa estar cursando ou ter
terminado o ensino médio para poder ter direito ao diploma.
A escola também precisa seguir diversas normas e ser
autorizada a dar esse curso.
Os motivos que fazem de um Curso Técnico uma ótima chance
para entrar no mercado de trabalho são as seguintes:
É rápido: muitos cursos técnicos têm duração de 1 ano, alguns
de 2 anos. Administração de Empresas (ou nas áreas de Gestão),Enfermagem,
Eletrônica e segue, a lista é grande, passando por Hotelaria e até Esteticista
e Podologia.
É mais barato: esse dado pode variar muito dependendo de onde
você reside, mas os valores variam entre R$150,00 a R$300,00 mensais e com
certeza é menos do que uma faculdade.
É um curso focado: como é profissionalizante, o curso técnico
propicia o aprendizado da profissão escolhida e como possui menos tempo para
essa formação, a capacitação técnica e prática são abordadas logo no início do
ele é voltado para o mercado de trabalho.
O mercado de trabalho precisa: como já mencionamos
anteriormente, o atual mercado precisa muito de profissionais qualificados e
aperfeiçoados em diversas profissões, sendo assim um curso técnico serve também
para se aperfeiçoar e pessoas de todas as idades estão fazendo.
Os salários são bons: se um profissional está em falta no
mercado é óbvio que seu salário fica maior. Varia muito entre profissão e
região do país, mas a média pode variar muito entre R$600,00 até R$2.500,00,
isso sempre lembrando a carga de trabalho e o cargo.
O Curso Técnico pode ser o primeiro passo para a Faculdade: A
boa notícia nisso tudo é que conseguindo ingressar no mercado logo após
terminar um curso técnico, a pessoa já pode economizar e planejar um
aperfeiçoamento na área ou a tão sonhada faculdade.
A ex-secretária de ensino Superior do MEC, Eunice Durham,
diz: “É mais fácil conseguir um emprego depois de fazer um curso técnico do que
após terminar um curso em uma universidade sem prestígio no mercado de
trabalho. Ela considera os cursos técnicos “ótimo caminho” para os jovens de
classe baixa que acabaram de terminar o ensino médio.
Além de serem mais rápidos, os cursos técnicos também
preparam melhor para o mercado. E, depois de empregado, o estudante pode
investir em uma universidade particular reconhecida.
É uma boa alternativa, porque a pessoa pode terminar o ensino
médio e fazer o curso técnico, para depois fazer o ensino superior. Enquanto
isso, o aluno arranja um bom emprego. Como são cursos curtos e rápidos, você
faz enquanto está no terceiro ano do ensino médio e fida preparado para o
mercado de trabalho. E se quiser fazer uma boa faculdade depois, pode, porque
já tem um emprego para pagar.
Uma interessante pesquisa do MEC, detectou que para 72% dos
estudantes que optam pelo ensino profissional, vão direto do curso para o
mercado de trabalho. Esse alto índice de empregabilidade foi aferido entre os
Ex-alunos dos institutos federais do pais.
Dependendo da área, até mesmo 100% desses jovens
profissionais são contratados. O salário também agrada. Um técnico pode chegar
a ganhar o mesmo que um engenheiro: R$5.000,00.
“A oferta de emprego é muito maior para quem tem nível
técnico. As empresas não precisam apenas de gestores. Elas buscam funcionários
que vão executar funções primordiais. E o técnico é o cara que vai colocar a
mão na massa e fazer o que a empresa mais precisa. Algo que chama a atenção é
que 85% dos nossos alunos ficam satisfeitos com as suas carreiras”, destaca a
pró-reitora de ensino do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Cristiane
Tenan Schlittler dos Santos.
A construção civil é uma pequena amostra de como o mercado
está com sede de trabalhadores especializados. Com a falta de mão de obra,
todos os profissionais com formação acabam absorvidos com rapidez.
No Espírito Santo, os técnicos que têm emprego garantido são
os formados nas áreas de Mecânica e Automação Industrial.
“Além de serem absorvidos pelas grandes indústrias, esses
profissionais vão ganhar ainda mais espaço com o crescimento do setor de
petróleo e gás no Espírito Santo. Só não é contratado quem não se esforçar no
curso e não tem interesse”, afirma o gerente de Educação e Tecnologia do SENAI,
Ewandro Petrocchi.
Ele acrescenta que boas oportunidades também começaram a ser
abertas para os técnicos em Logística. “É um profissional de grande importância
para a empresa. Ele é responsável em garantir tempo aos negócios e de deixar o
cliente satisfeito. Outro técnico que pega carona no desenvolvimento econômico
é o da área de Eletrotécnica. São muitas as chances para esse profissional,
principalmente na construção civil”, destaca.
Muitos jovens deixam de lado, pelo menos por um tempo,o sonho
de fazer uma faculdade para optar pelo ensino técnico.O motivo é garantia
rápida de emprego. “O técnico dura dois anos. A pessoa termina o curso,
consegue um emprego, passa a receber um salário e depois garante a faculdade”,
explica Cristiane Tenan, do Ifes.
O gerente do SENAI, Ewandro Petrocchi, explica que outro
ponto positivo em fazer um curso técnico antes de ingressar no ensino superior
é a experiência. “A pessoa vive na prática o dia a dia do trabalho, algo que o
profissional de nível superior não consegue. A faculdade é algo mais acadêmico.
O curso técnico é prático. O interessante é que depois do técnico, o
trabalhador que faz uma faculdade ganha chances de ser promovido e até de
conquistar um cargo gerencial”, destaca.
O profissional especializado em nível técnico é mais
valorizado nos setores industriais em função das capacidades desenvolvidas em
dois âmbitos fundamentais: o teórico e o prático.
De acordo com Márcio Guerra, gerente-executivo da Unidade de
Estudos e Prospectiva da CNI (Confederação Nacional da Indústria), existe
carreiras em que a educação técnica é aporta de entrada para o mercado de
trabalho.
“Em algumas áreas existe a demanda, mas as empresas não
encontram profissionais qualificados. Por exemplo, no segmento da construção
civil, edificações ou estrutural, os jovens não têm interesse porque imaginam
que o trabalho é braçal e muito duro. No entanto, muitos técnicos atuam na
supervisão de equipes”, explica.
A empregabilidade do profissional com formação técnica
seguida da graduação, se comparada com aquele que tem somente o ensino
superior, é muito maior, já que ele adquire uma compreensão mais apurada dos
processos em função da experiência prática e da capacidade de execução.
Os jovens, com 17 ou 18 anos, assim que concluem o curso
técnico, também podem conquistar um salário inicial alto, variando de acordo
com a área e o estado de atuação. Por exemplo,o valore de R$1.400,00 para
telecomunicações, no Distrito Federal, e R$2.100,00 para técnico em controle de
produção, em Pernambuco. Com 10 anos de carreira em telecomunicações, por
exemplo, o trabalhador pode chegar a um salário de R$5.300,00.
Ainda segundo o gerente-executivo da CNI, o estudante do
ensino técnico é constantemente observado pelas empresas.
Hoje há um batalhão de bacharéis nas filas de emprego,
esperando por uma oportunidade,ou mesmo tentando passar em concursos públicos,
muitas vezes fora da sua área de atuação. O diploma superior tão apreciado
antes pelas empresas, já não tem o mesmo peso de antigamente. Em contraponto,
companhias afirmam que existem vagas, mas falta qualificação.
O que existe é um excedente de graduados e carência de
pessoal com curso técnico.
A entrada rápida no mercado de trabalho é uma das maiores
vantagens para quem faz cursos profissionalizantes. Enquanto no curso superior
o aluno passa de quatro a seis anos para se formar, no técnico são apenas de
três a quatro semestres. Segundo o Ministério da Educação, a educação
profissional veio para preencher, em curto prazo, as lacunas criadas pelo
advento das novas tecnologias no país.
“Essa necessidade de técnicos é uma das características de um
país que está em desenvolvimento e onde a economia está crescendo.Países de
primeiro mundo têm uma base técnica forte e são eles que colocam as empresas
para funcionar”, analisa o professor Sérgio Vieira, do Instituto Federal de
Educação,ciência e Tecnologia do RN (IFRN).
A imagem do técnico como “peão com diploma” está
ultrapassada. Atualmente, esse profissional tem até cargos de supervisão nas
empresas, como intermediário entre a chefia e o chão de fábrica. A prática é
sua maior vantagem com quem tem cursos superiores.