sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Especial - Professor Fernanando Marin!



Por Fernando Marin

A cevada era um dos mais importantes cereais da Palestina, nos tempos de Jesus. Seu nome, em hebraico, significa “cabelos longos”, e o seu elevado consumo devia-se ao seu preço, bem mais baixo do que o trigo. Por isso, era muito utilizado para alimentação dos animais e dos mais pobres. Seu cultivo se dava no Egito e na Palestina, plantada na época das chuvas de outono ( outubro e novembro), com a sua primeira colheita na páscoa, no mês hebraico do abibe ( março, abril).
Há 36 referências à cevada na Bíblia, das quais três no Novo Testamento ( João 6.9 e Apocalipse 6.6).
Hoje, por aqui, ela é facilmente encontrada nas lojas que vendem produtos naturais. A cevada é bastante energética, indicada para os dias mais frios.
Um dos modos de se consumir o grão, é através de uma deliciosa sopa, cuja receita passamos aqui.
Sopa de Cevada
Ingredientes:
1 xícara de cevadinha; 1 e ½ litro de caldo de carne; 1 cebola picada; 2 dentes de alho espremidos; 3 colheres de sopa de azeite; 1 colher de sopa de salsa picada; 2 tomates, sem pele e sem sementes, picados; 1colher de chá de cominho; 1 colher de sopa de hortelã picada; sal a gosto.
Preparo:
Leve a cevadinha ao fogo com o caldo de carne até levantar fervura e depois deixe em fogo baixo para cozinhar, adicionando mais água sempre que necessário ou então cozinhe em panela de pressão por 15 minutos.
Refogue a cebola e o alho no azeite. Acrescente os tomates, refogue um pouco mais e junte à cevadinha já cozida. Cozinhe mais um pouco e acrescente então o cominho, a salsa e a hortelã. Sirva acompanhada de torradas.
Essa é uma refeição muito apreciada na região da Palestina.
***


Coalhada seca à moda bíblica

Por Fernando Marin


Através dos textos bíblicos, constatamos que  Deus proveu a terra de tudo o que o homem precisava para ter uma vida em abundância. Na terra prometida, o povo hebreu dispunha de leite, mel, uvas, figos, romãs, amêndoas, azeitonas, e muitas outras coisas, tais como trigo, lentilhas, cevada, e diversos tipos de grãos,  tudo isso além da carne de diversos animais .

Com toda essa variedade, usando a inteligência concedida pelo Senhor, o ser humano foi capaz de criar uma série de diferentes receitas para se alimentar bem e com fartura.

A Bíblia não nos fornece, claramente, as receitas dos pratos consumidos na época, mas, nos dá diversas pistas, a partir dos ingredientes . O leite, por exemplo,  abundante na primavera, era consumido in natura e de diversas outras formas, tais como, iogurtes, coalhadas, queijos e manteigas.

Um dos derivados do leite que Jesus e os seus discípulos, com certeza, consumiam como antepasto, nas suas refeições, ou , no café da manhã, era a coalhada seca, chamada de labneh.

labneh, hoje, é vendido em formato de bolinhas, em potes , mergulhados no azeite ou com zatar e azeite.  Zatar , em hebraico זעתר , é uma mistura de especiarias, usadas como condimento no Oriente Médio, uma mistura de tomilho moído, sumagre, sementes de gergelim, torradas e sal.



Zatar

O preparo da coalhada ou iogurte:

Ferva dois litros de leite, tipo A ou B, e coloque numa tigela de louça para esfriar até 38 a 40 graus (deve ser suportável ao pingar um pouco no pulso). Retire um pouco desse leite numa tigela pequena e misture duas colheres de sopa de leite em pó (se usar leite de fazenda não é necessário colocar o leite em pó) e um pote de iogurte natural (verifique a data do vencimento, pois quanto mais fresco for, mais forte será o seu agente fermentativo). Mexa bem e retorne essa mistura à tigela maior misturando tudo muito bem, com uma colher de pau sempre no mesmo sentido. Tampe o recipiente e coloque-o num canto da pia, evitando movimentos bruscos. Após mais ou menos oito horas, o leite estará totalmente coalhado. Se quiser, separe um pouco dessa coalhada e guarde na geladeira para ser usada como agente fermentativo, numa próxima vez em que for fazer coalhada.

Coalhada seca à moda bíblica

Proceda como descrito na receita anterior para coalhar o leite. Depois de pronto, despeje o leite já coalhado numa peneira ou num escorredor, forrado com um pano branco, limpo e grosso, ou use um saco feito de tecido de sacaria, para escorrer o soro. Coloque a peneira sobre uma tigela para aparar o soro e deixe escorrendo por uma noite ou um pouco mais, dependendo da consistência que você desejar a coalhada: apenas cremosa, para já ser consumida, ou mais firme, em ponto de fazer bolinhas que serão colocadas num vidro de boca larga e cobertas com azeite puro. Sirva a coalhada seca, cremosa ou em bolinha, amassada com azeite e sal, como patê em pães e torradas. E deliciosa e saudável! Experimente. É fácil de se fazer.
 Fernando Marin

       
Pão Ázimo
Por Fernando Marin
Pão ázimo ou  asmo,  matzá (hebraico  מַצָּה), é um tipo de pão assado sem fermento, feito somente de farinha de trigo (ou de outros cereais como aveia, cevada e centeio) e água. 
Todo o ciclo de produção da matsá, desde o instante em que se mistura farinha e água, até estar completamente assada, deve levar, no máximo, 18 minutos. Se passar disso, o alimento é considerado chamets (fermentado), pois se terá iniciado o processo natural de fermentação. 
Microrganismos encontrados no ar - as leveduras - invadem a mistura, metabolizando os açúcares e liberando um gás responsável pelo volume, gosto e textura da massa. Foram os egípcios, há cerca de 4 mil anos, os primeiros a descobrir esta propriedade: deixando-se descansar uma mistura de água e farinha por algum tempo, a mesma "cresce". O pão egípcio tinha o inconveniente de levar mais tempo para ser produzido, mas era macio e saboroso, bastante parecido com o que estamos acostumados a comer, hoje.
De acordo com a tradição judaico-cristã, o pão ázimo foi feito pelos israelitas antes da fuga do Antigo Egito, por que não houve tempo para esperar até a massa fermentar. Hoje em dia é comida obrigatória na festa do Pessach (páscoa judaica), que também se chama Hag ha-matzot, ou a festa dos pães ázimos. Por causa da proibição do uso de farinha normal durante o Pessach para preparação de comida, usa-se a farinha do pão ázimo ( kemach matzá em hebraico), que é simplesmente o pão ázimo moído.
Receita não usada na celebração da páscoa judaica ( por conter mais ingredientes).
Ingredientes
um quilo de farinha de trigo ou integral
meio litro de água fria
meio copo de azeite
sal a gosto
Modo de preparo
Amasse bem os ingredientes. Com o auxílio de um rolo, abra a massa bem fina, coloque-a em uma forma levemente untada e com a ponta de uma faca, risque em formato quadrado. Isso facilita o partir. A massa deve ficar bem fina, praticamente transparente.
Farinha de Matzá
A partir do Matzá é feita outra farinha, usada como substituta da farinha comum em muitos pratos tradicionais servidos no Pessach, como o Gefilte Fish.
Pão Ázimo feito em frigideira:
Numa tigela misture a farinha e o sal, adicione a água aos poucos, até obter uma massa elástica que desgrude das mãos
Deixe descansar por 15 minutos
Separe a massa em 4 bolinhas
Espalhe a massa com ajuda de um rolo até a espessura de um papel (polvilhe bastante farinha para a massa ficar sequinha)
Disponha a massa numa frigideira antiaderente, em fogo médio
Deixe dourar de um lado, vire e deixe dourar o outro
Recheie a gosto
Fonte:
Wikipedia.org

Teologia, história, cultura e gastronomia em Fernando Marin

Alimentação nos Tempos Bíblicos
    A Palestina é uma região de cercada de desertos, de clima quente e árido ( não chove de abril a outubro por lá) . É necessário que os habitantes da região estoquem água das chuvas, em cisternas, para a provisão diária , mesmo assim  correndo o risco da falta do precioso líquido. 
   Por isso, há a dificuldade para se cultivar a terra e a fome sempre rondava as populações. O comer e o beber eram lutas diária para o povo de Israel, que tinha o pão como base para a sua alimentação.
   A palavra hebraica para pão, é lechem , que também significa ‘alimento’ , ou, “sustento”, e aparece por mais de 280 vezes no Antigo Testamento, desde Gênesis 3.19 até Malaquias 1.7 .
   Na verdade, o pão, como o conhecemos hoje, é uma criação moderna, de cerca de 100 anos para cá, com o aparecimento do fermento químico. Nos tempos bíblicos, fazer um bom pão era tarefa árdua, necessitava de muita experiência e de um pouco de sorte, também. Os padeiros misturavam cereais esmigalhados misturados com água, e essa massa primitiva era amassada em gamelas de couro ou de madeira e cozida sobre pedras quentes  , em fornos primitivos ou sobre cinzas quentes.
   Quem introduziu o uso do fermento na massa, foram os egípcios, e ele foi descoberto por acaso, quando fermento silvestre caiu sobre a massa antes de ser levada ao forno. Daí, descobriu-se que  um pouco de massa fermentada  poderia  iniciar o processo de fermentação na próxima massa a ser preparada, e, por isso, um pouco de pão fermentado era sempre guardado para isso.
   Hoje, com os ingredientes e aparelhos modernos, fazer pão em casa é muito fácil e agradável, além de muito saudável. Quem quiser preparar um pão bem semelhante ao dos tempos bíblicos, experimente esta receita:
Pão de trigo integral fino
Ingredientes:
1 xícara de leite morno; 
1 xícara de água morna; 
1 xícara de óleo vegetal; 
50 g de fermento de padaria; 
1 colher de sobremesa de sal; 
2 colheres de sopa de mel ou 3 colheres de sopa de açúcar mascavo; 
3 ovos; 
½ kg de farinha de trigo integral + ½ kg de farinha de trigo branca.
Preparo:
1 - Coloque o fermento numa tigela e dissolva-o na água e no leite misturados;
2 - Acrescente o mel (ou o açúcar), o sal, o óleo e os ovos batidos;
3 - Junte as farinhas aos poucos até dar o ponto de sovar. Se necessário, acrescente mais trigo comum;
4 - Sove bastante e deixe crescer até dobrar de volume, cobrindo com um pano de prato;
5 - Faça bolinhas com a massa e coloque numa assadeira untada, deixando crescer por mais 1/2 hora;
6 - Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus para assar até dourar e ficar sequinho dos lados.
Excelente para acompanhar lanches!
Fernando Marin
Fontes:
CHAMPLIN, R.N., Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, São Paulo, Hagnos, 7ª edição, 2004.
KATER, Alaice Marioto. Culinária nos Tempos de Jesus, Editora EBF

 

O Cristão e a Política

                                     
Estamos em mais um ano eleitoral, quando o povo brasileiro tem a oportunidade de escolher aqueles que vão governar e legislar os seus municípios. É uma excelente ocasião para se refletir e votar em pessoas realmente compromissadas com  bem estar da população, pessoas voltadas para uma gestão séria e competente dos recursos públicos, que possam bem gerir a área da saúde pública, da educação, do desenvolvimento, enfim, que possam trabalhar pela melhoria da qualidade de vida, dando, assim, mais valor à vida humana, libertando, principalmente os mais pobres, das cadeias que os prendem à miséria, à falta de esperança no futuro, à carência de recursos básicos que possam garantir uma vida com alguma dignidade.
Neste, como em todo ano eleitoral, tomaremos conhecimento de uma serie de candidatos à prefeito e vereadores que aparecerão com todos os tipos de promessas e de realizações, chamando a nossa atenção para a necessidade de examinarmos, com bastante cuidado, o currículo de cada um, para que não caiamos em erros que, mais tarde, nos custarão caro.
Mesmo com a chamada “Lei da Ficha Limpa” em vigor (finalmente), não estaremos livres de virmos eleitas pessoas despreparadas ou que estejam comprometidas com empreiteiras, alianças políticas de conveniência ou consigo próprios, o que é muito comum de acontecer em nosso país.
Por outro lado, assistimos a uma certa apatia da parte de muitos que, devido aos desmandos e escândalos a que tem assistido, deixaram simplesmente de acreditar nos políticos e em um futuro melhor, anulando os seus votos ou votando em qualquer candidato , sem avaliar as consequências que um voto errado pode trazer à toda uma população, já carente de muitas necessidades básicas.
Em anos eleitorais, também surge uma discussão que já é conhecida no meio eclesial, e que diz respeito ao envolvimento dos cristãos com a política, tido por muitos como errado, pois consideram a política como um ‘jogo sujo’, desonesto, e que, por esses motivos, pregam que o povo de Deus deve , simplesmente, se alienar das eleições e deixar que Ele resolva todos os problemas do nosso País.
Provérbios 29.2  “ Quando os honestos governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o povo reclama.”
Mas, o que é “política” ? Se recorrermos à Wikipedia, descobriremos que política é “ arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.”
De acordo com essa definição, todas as vezes em que votamos ou participamos da vida da nossa comunidade, estamos fazendo política.
Mas, o que tem a Teologia a mostrar sobre isso?
Quando recorremos às Escrituras, vemos que, como cristãos, somos considerados como o ‘sal da terra” e a” luz do mundo” (Mateus 5.13 e 14). Assim, onde estivermos, deveremos fazer a nossa parte de maneira a exercer a  perspectiva bíblica que deve reger as nossas atitudes. Temos que fazer a diferença aqui neste mundo, mesmo sem pertencermos a ele.
Na verdade, a própria Bíblia nos ensina as histórias de diversos personagens que foram agentes de Deus na política, personagens esses que, servos fiéis de Deus, tiveram atuação importante e marcante em funções de destaque no governo , sem se deixarem corromper , ao contrário, homens que pautaram as suas vidas na Palavra de Deus e que, por isso, se tornaram grandes exemplos do amor e da conduta ideal de um cidadão do Reino de Deus.
Esse foi o caso de José, por exemplo. Por ser o filho favorito de Jacó e de Raquel, foi vendido como escravo pelos seus irmãos, invejosos. Pela sua conduta, em pouco tempo se tornou o superintendente da casa de Potifar, alto oficial egípcio. Por resistir à sedução da esposa do seu superior, acabou injustamente no cárcere, até que Faraó o chamou para ajuda-lo na interpretação de um sonho. Com a benção de Deus, José salvou o Egito e muitos outros povos vizinhos de um período de fome, que durou 7 anos. Tornou-se conhecido como homem sábio, e foi nomeado uma espécie de primeiro ministro, com amplos poderes e subordinado diretamente ao próprio Faraó.
Outro personagem bíblico que fez a diferença, foi Daniel. Descendente da família real de Judá, aos cerca dos doze  aos dezesseis anos já estava na Babilônia , como cativo judeu. Com os seus companheiros, foram forçados a trabalharem para a corte real babilônica, tendo recebido o treinamento adequado. Logo, se distinguiu entre os demais, pela sua sabedoria e piedade, especialmente pela sua fidelidade a Deus. Já no palácio de Nabucodonosor, com a ajuda de Deus, conseguiu interpretar um sonho do Rei, tendo subido no conceito real, assumindo o cargo de governador da província da Babilônia e de inspetor-chefe da casa sacerdotal,  permanecendo por muito tempo em funções de destaque no reino.
Poderia citar muitos outros personagens bíblicos que atuaram na política, e que foram benção para o povo e para o reino de Deus aqui na terra, mas, creio que os dois citados são suficientes para entendermos que a mera participação em atividades político-administrativas, não desmerece nenhum cristão.
Ao contrário, nosso engajamento na administração pública, de forma direta ou não, pode vir a ser um canal para , na dependência de Deus, sermos agentes de bênçãos para muitas outras pessoas, como foram José e Daniel, entre outros.
A Bíblia, em Efésios 2.10 (“Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.”), nos deixa claro o que se espera de cada cristão, que estejamos prontos para as ‘boas obras’ reservadas por Cristo para nós. Essas ‘boas obras’, são o cumprimento dos propósitos de Deus na vida de cada cristão, pregar o evangelho, amar e servir ao próximo, ser uma testemunha de Jesus onde quer que esteja, irradiando o amor em todas as ocasiões e lugares , sendo agente e meio de bênçãos para todas as pessoas.
O cristão é um cidadão, como qualquer outro, com os seus direitos e deveres cívicos e morais. Na política, assim como no cotidiano, o cuidado sempre estará em colocar o governo pessoal de Deus sobre a sua vida acima de qualquer outra coisa, dando bom testemunho em todas as situações, sendo bom exemplo de conduta moral, de honestidade, de comprometimento com a melhoria da qualidade de vida das pessoas, de combate sem tréguas à corrupção e a todos os tipos de atos contrários aos ensinados por Deus, sendo o verdadeiro ‘sal da terra’, sendo uma luz nas trevas, deixando que a Glória de Deus resplandeça através dos seus atos, fazendo a diferença neste mundo.
“Se um cristão, um líder ou denominação advoga um não-envolvimento, que avaliem até que ponto tal ato será uma omissão que acaba contribuindo para consolidar o poder do espinheiro. Por outro lado, se um cristão, um líder ou uma denominação defendem e participam politicamente, seus maiores desafios são permanecerem fiéis ao chamado profético de influenciar, em lugar de serem influenciado. De serem luz, em lugar de trevas. De fornecerem saber, em vez de serem pisados pelos homens.”  Pr Marcio Garcia
Na política, ou em qualquer outra atividade, cabe ao cristão uma conduta ética e moral condizente com a sua condição de filho do próprio Deus.
Fernando Marin 


Afinal de contas, para que existimos?

Ainda hoje, assistindo a um telejornal, tive a minha atenção voltada para uma notícia: a reportagem mostrava um grupo de Testemunhas de Jeová que, de forma voluntária, se dispôs a construir casas para famílias que perderam tudo, naquela grande tragédia que ocorreu na região serrana do Rio de Janeiro, ano passado.
Homens e mulheres, pessoas de diversas localidades, estavam, unidas, trabalhando na construção de residências – tarefa que deveria ser do governo – pois, desde aquela época, há famílias ainda sem um teto definitivo.
Aquela atitude me chamou a atenção, imaginei, como em um sonho, todo o povo de Deus, ali, trabalhando em prol daqueles que necessitam de ajuda, que não tem recursos para refazer sozinhos as suas vidas, e me perguntei: por que isso não acontece na prática? Por que não servimos ao nosso próximo, como pregamos? 
O que a Bíblia nos diz sobre servir? No que a Teologia pode ajudar sobre isso?
Efésios 2.10.
“Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos”. Esta é a Palavra de Deus para nós! Todos nós fomos postos neste planeta para uma missão especial. 
Fomos criados para contribuir, e não para termos uma existência vazia, ou para ocupar lugar na terra. Fomos criados para somar, para acrescentar. Não estamos aqui só para comer, dormir ou para extrair recursos da natureza, não. Há até um ditado popular que diz que “quem não vive para servir, não serve para viver”.
Na verdade, Deus nos projetou para o ministério, ou seja, para o serviço. A palavra ministério vem do grego ministerium, que quer dizer o mesmo que diakonia, ou seja, serviço.
Quando lemos o texto de Efésios 2.10, verificamos que todos nós fomos criados para servir aos outros. Essas boas obras, mencionadas no texto, são o serviço a Deus. Todas as vezes que servimos às pessoas, de alguma maneira, estamos servindo a Deus , conforme podemos observar  em Colossenses 3.23 (“ O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem servindo o Senhor e não as pessoas.”). 
Todos nós temos um propósito, um lugar, um papel e uma função a cumprir no mundo. Isso, está claro na Bíblia, em 2 Timóteo 1.9, “Deus nos salvou e nos chamou para sermos o seu povo. Não foi por causa do que temos feito, mas porque este era o seu plano e por causa da sua graça.” 
Por isso, podemos entender que fomos chamados por Deus para o serviço, esse era o Seu propósito para nós , fomos escolhidos por Ele para o cumprimento dessa missão, a de servir.
Mais que isso: Jesus ofereceu a sua própria vida, pagou um alto preço, pela nossa salvação (1Co 6.20 “Pois ele os comprou e pagou o preço. Portanto, usem o seu corpo para a glória dele”)
Isso nos deixa com uma enorme responsabilidade social, afinal, entendemos que Jesus morreu em sacrifício por nós. Através da sua morte, o nosso passado de pecado foi perdoado e esquecido, nosso presente faz sentido e o nosso futuro está garantido. Portanto, não devemos servir a Deus por medo, ou por obrigação, mas sim com alegria e gratidão por tudo o que Ele fez por nós!
Essa missão, fica ainda mais clara quando lemos a carta de Paulo aos Romanos, no capítulo 12, versículo 1 , onde o apóstolo diz  “Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus.”
Devemos nos espelhar no amor de Cristo por nós para compreendermos melhor a questão do serviço ao próximo. Esse amor, é enfatizado por João (1João 3.16 “Sabemos o que é o amor por causa disto: Cristo deu a sua vida por nós. Por isso nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos.”).
Por aí, entendemos que, como cristãos, devemos demonstrar o amor de Cristo no serviço ao próximo. Não é difícil entender que, se eu não sinto amor pelos outros, não desejo ajudar as pessoas, só penso em mim mesmo, com certeza Cristo não está em mim.
Nós fomos salvos para servir, e não para ficarmos sentados esperando o nosso dia de glória. Se fosse para não fazermos nada, Deus nos levaria para o céu logo que nos convertêssemos. Mas, isso não acontece. Deus nos deixa aqui para cumprirmos com os Seus propósitos, com os Seus objetivos. Com certeza, todos nós temos uma missão no mundo. Independente do seu emprego, dos seus estudos e da sua vida lá fora, você é um servo cristão.
Todas as vezes que você usa os dons que recebeu de Deus para servir aos outros, você cumpre com o seu chamado. Alguns confundem esse “chamado” de Deus com algo que somente pastores, missionários ou outros obreiros recebem do Senhor, mas a Bíblia diz com clareza que todo cristão é chamado para servir, em Romanos 7.4 (“O mesmo acontece com vocês, meus irmãos. Do ponto de vista da lei, vocês também já morreram, pois são parte do corpo de Cristo. E agora pertencem a ele, que foi ressuscitado para que nós possamos viver uma vida útil no serviço de Deus”)
Servir não é apenas uma escolha, algo para se fazer se tivermos tempo sobrando. Não, servir é o centro da vontade de Deus, é a coisa mais importante da vida cristã! De nada adianta aprendermos cada vez mais da Palavra de Deus se não a utilizarmos no nosso cotidiano. Precisamos agir de acordo com o que nós aprendemos, precisamos por em prática aquilo em que nós cremos. A maioria dos cristãos mais antigos já tem um bom conhecimento bíblico, o que precisam é por em prática esse conhecimento, é exercitar os seus “músculos espirituais”.
Nós adquirimos a maturidade espiritual para que possamos exercitar o cristianismo, o serviço, o ministério!  Vejamos o que está escrito em Romanos 14.12: “Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus." Você já se imaginou, chegando perante o Senhor, o que dirá a Ele?Que esteve ocupado demais com a sua própria vida? Que os seus afazeres pessoais não deixaram você servir? Que você estava trabalhando bastante para se aposentar e poder servir, mas a morte veio antes?
Em Marcos 8.35, Jesus nos diz que “Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira”.
Meus irmãos, Deus nos chamou para que nós fizéssemos a diferença no mundo, nós somos os braços de Deus aqui na terra. É através de nós que Ele realiza a Sua obra, através das nossas vidas, do nosso serviço.

E eu termino perguntando: o que está impedindo você de cumprir com a sua missão? O que está impedindo você de servir melhor ao Reino de Deus? O que está impedindo que o amor de Deus flua por meio da sua vida?
Fernando Marin

 

Atitudes Cristãs   

   Há poucos dias, estava em uma reunião, em casa de um amigo, quando duas pessoas que se encontravam próximas conversavam sobre igrejas, até que uma delas falou ‘pastores são todos iguais’, se referindo à uma reportagem exibida recentemente, em uma conhecida rede de televisão.

   Me senti constrangido, afinal, a maioria das pessoas ali presentes não me conheciam, mas, aquilo doeu. Fui ‘socorrido’ pelo amigo, que me apresentou como pastor, fui defendido, informaram a denominação histórica a que pertenço, ou seja, procuraram desfazer aquela situação de mal estar, porém, aquelas palavras permaneceram guardadas na minha mente.
   Naquela noite, refleti muito sobre o acontecido, e sobre a repercussão negativa que uma reportagem de tv pode trazer, quando mal direcionada ou intencionada, como acho que foi aquela.  Está acontecendo uma disputa de líderes de duas grandes igrejas neopentecostais um acusando o outro por enriquecimento às custas do seu rebanho, enquanto que, a maioria dos frequentadores dessas igrejas , é constituída por pessoas humildes, pobres e sinceras, que ali estão em busca das promessas  que são apresentadas em nome de Jesus.
   Imaginei que a Teologia não deveria ter respostas para o que eu sentia, mas, mais uma vez eu estava enganado.
   Recorrendo à Bíblia, no Evangelho de Marcos, capítulo 16, versículo 15, lemos as palavras de Jesus “ Vão pelo mundo inteiro, e anunciem o evangelho a todas as pessoas” (NTLH).  O que é anunciar o evangelho? É pregar a Palavra de Deus, é espalhar o amor Dele por todos os cantos desta terra, é anunciar o perdão pelos pecados, a novidade de vida, a transformação do indivíduo. É expressar o amor de Deus que vive em nós por meio de ações, como diz o texto de 1 João 3.18, “Meus filhinhos, o nosso amor não deve ser somente de palavras e de conversa. Deve ser um amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações.”.
   Assim, ser cristão é demonstrar , por meio de ações, o amor verdadeiro que vive em nosso interior. Essa é a melhor forma de pregarmos o evangelho, através de atos de amor, de obras que comprovem o amor de Cristo que vive por meio de nós (Tiago 2.17 “Portanto, a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta.”), é mostrar às pessoas que somos diferentes, que vivemos uma vida na alegria de sabermos que somos verdadeiramente filhos de Deus, e que vivemos por Ele e para Ele, e que agimos em Seu nome, e, assim, temos de ter atitudes compatíveis com o que pregamos. É vivermos uma vida devotada aos outros, de serviço ao próximo, de misericórdia, com a presença constante do Espírito Santo que habita em nós (Filipenses 2.1 “Por estarem unidos com Cristo, vocês são fortes, o amor dele os anima, e vocês participam do Espírito de Deus. E também são bondosos e misericordiosos uns com os outros”).
   Infelizmente, nem todos os que se dizem cristãos, tem tido atitudes condizentes com a palavra que pregam, ou que , pelo menos, procuram pregar. Disputas pela liderança do povo evangélico, acusações mutuas, construção de mega templos , teologias oportunistas e em desacordo com o que é pregado pela Bíblia e outros fatos que temos assistido, são um grande empecilho à pregação do evangelho, já que as pessoas costumam generalizar os erros e enganos cometidos por alguns, passando a crer que todos os evangélicos agem de forma semelhante. Tudo isso, vem afastando pessoas da igreja e criando uma imagem distorcida do que verdadeiramente é ser cristão.
   Sei que a tarefa de separar o joio do trigo pertence a Jesus, não a nós. Porém, creio que temos a obrigação de defender o Evangelho da falta de ética que vem se tornando comum no nosso meio, escolhendo melhor os nossos líderes, preparando com mais cuidado aqueles que estarão à frente das igrejas, cobrando que a Palavra de Deus seja pregada e cumprida, que haja um maior comprometimento do povo cristão em relação a tudo aquilo que nos é ensinado pelo próprio Jesus, em relação ao tipo de vida que devemos levar, uma vida de comunhão em torno do amor de Deus, que é a essência da Sua Palavra.
     Atendamos ao pedido do apóstolo Paulo, descrito em Filipenses 2.1:
“ Então peço que me deem a grande satisfação de viverem em harmonia, tendo um mesmo amor e sendo unidos de alma e mente.”
   É fácil se dizer cristão, ou evangélico. Mas, o que importa realmente é demonstrar uma vida condizente com essa condição.   
    Vivamos em harmonia e em amor e, assim, estaremos agindo de acordo com o que Jesus nos ensinou.

Fernando Marin

 

“A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará”

 

Por Fernando Marin

Há quase 15 anos atrás, uma notícia, vinda de Brasília, chocou a toda a sociedade brasileira. Alguns rapazes, todos de classe média alta, por brincadeira, resolveram atear fogo ao corpo de um índio, que dormia em um ponto de ônibus da capital federal. O caso do índio Galdino de Jesus, comoveu a todos. Apesar de todas as tentativas para livrar os acusados da prisão, eles foram condenados, talvez mesmo devido à repercussão que o caso atingiu.

Infelizmente, não foi um caso isolado, outros mais vem acontecendo com certa frequência, em todos os lugares.
E aconteceu de novo, dessa vez em Santa Maria , também no Distrito Federal, no último dia 25.

Dois moradores de rua, que dormiam eu um velho sofá no canteiro central de uma avenida, foram incendiados por um grupo de 7 rapazes, identificados e presos dias mais tarde.
Um dos moradores de rua, José , um josé como eu e como tantos outros, um ser humano, não resistiu, morrendo poucos dias depois, no hospital. O segundo, Paulo, continua internado em um hospital, e sempre chama pelo amigo, morto.

Os presos, disseram que queimaram a vítima por ordem de um comerciante da área, um marceneiro, que se dizia incomodado com a presença desses moradores de rua, próximo ao seu comércio., e que receberiam R$ 100,00 pelo ’serviço’.

Esse é o preço de uma vida , cem reais!
O comerciante Daniel, comprou gasolina, fósforos, e deixou o material à porta de seu estabelecimento à noite, quando os outros, então, jogaram o combustível sobre os amigos e os queimaram.
Moradores de rua , por acaso, não são gente? Até que ponto a intolerância vem assolando a nossa sociedade?
Escatologicamente, sabemos que o amor esfriaria ( “ A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará “ Mateus 24.12 NTLH), porém o que temos visto são verdadeiras barbáries sendo cometidas por pessoas  tidas como normais, com as quais muitas vezes até convivemos ou nos relacionamos de alguma forma, e que, sabe-se lá porque, tem um comportamento violento e covarde em situações corriqueiras do cotidiano.

Quem, como eu, já lidou com moradores de rua, sabe que essas são pessoas comuns, que , por motivos geralmente de ordem familiar, deixam seus lares e parentes para viver nas ruas, onde se sentem mais à vontade para viverem sem as regras impostas pela vida em que usualmente levavam.

Na sua grande maioria, essas pessoas deixam seus lares devido aos vícios do álcool ou das drogas, outros por questões de desilusão amorosa, traição conjugal, decepção no seu ambiente de trabalho, ou seja, ao contrário do que muitos pensam, não são simplesmente ‘vagabundos’, ‘desocupados’ e, muito menos, bandidos.

No caso em questão, ambos eram conhecidos na região . José, o que morreu, tinha envolvimento com álcool e drogas desde os 14 anos, e, de acordo com a sua família, resolveu viver nas ruas depois de algumas tentativas fracassadas de recuperação, via internação
Paulo, o que está internado, também é dependente químico, e tem passado por crises de abstinência no hospital onde se encontra. O seu estado de saúde é grave, e a sua vida ainda corre sério risco.
Quanto aos que cometeram esse ato bárbaro, estão na cadeia.
O que a teologia tem a dizer sobre isso?

Podemos dizer que toda a sociedade falhou, no caso. As vítimas, que deveriam ter sido acolhidas e tratadas com vistas a serem curadas da dependência que as levou às ruas, estavam abandonadas à própria sorte. Nem governo, nem ONG, muito menos igreja, foram capazes de fazer algo que pudesse salvá-los da desgraça.
Quanto aos agressores, também não fomos capazes de oferecer um sistema educacional que trouxesse uma boa formação moral, de caráter. Talvez, ainda, a falta de uma educação religiosa, que ensinasse valores éticos, morais, as condições de vida inadequadas, abaixo das expectativas, uma desestruturação familiar ,tudo isso conduz o ser humano à práticas que não condizem com a sua condição racional.

Creio que, hoje, a maior carência é a de amor. E quando falo de amor, me refiro ao cuidado, à atenção, à dedicação do ser humano pelos seus iguais. Se os cristãos seguissem o ensinamento de Jesus (Jo13.35   “Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos.”), muita coisa seria diferente no mundo atual.

Se praticássemos amor verdadeiro (Rm12.9  “ Que o amor de vocês não seja fingido. Odeiem o mal e sigam o que é bom.”), quantos poderiam ser salvos?

Se tratássemos a vida humana com respeito (Rm12.10   “Amem uns aos outros com o amor de irmãos em Cristo e se esforcem para tratar uns aos outros com respeito”.), casos como esses não aconteceriam.

O Evangelho, coloca o amor como acima de todas as coisas ( 1Co 13.13 “Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor.”). E é ele, o amor, que tem o poder de transformar toda a sociedade, é o amor que tem o poder de mudar tudo onde toca, é o amor que realmente faz a diferença.

Basta que , simplesmente, o pratiquemos.
E por que não fazemos isso?
Fernando Marin

 

Inversão de Valores

 

Mais uma vez, a visão de uma simples imagem me trouxe à mente um turbilhão de pensamentos.
A imagem é a reproduzida acima, copiada de uma rede social. Ali, ela mostra as obras que foram realizadas no Sambódromo, no Rio de Janeiro, o que veio a aumentar a sua capacidade de público em 12.500 lugares, criando a possibilidade de mais pessoas poderem assistir aos desfiles do carnaval carioca, famoso em todo o mundo. Mesmo que ele só aconteça uma vez por ano.
Na contrapartida, a imagem nos transporta a um corredor de hospital , repleto de pacientes deitados em macas, uma realidade que estamos acostumados a ver quase todos os dias nos noticiários, algo que parece sem solução e que já nem emociona mais a ninguém.
Meu Deus, me pergunto: não está tudo errado?
Venho acompanhando o desenrolar dos preparativos para a Copa do Mundo, e das Olimpíadas, que se realizarão aqui em 2014 e 2016, bilhões e bilhões de reais investidos em estádios, avenidas, metrôs, aeroportos, tudo visando o conforto dos turistas que por aqui passarão (por um mês, apenas) nesses eventos. Muitas dessas obras, depois dos jogos, ficarão praticamente sem utilização, ou seja, o dinheiro investido trará um retorno muito pequeno, um custo x benefício desfavorável.
Quero deixar claro, que não sou contra os desfiles de escolas de samba, nem a Copa do Mundo e, muito menos, as Olimpíadas. Sou contra esse estado de coisas que causam uma inversão de valores. Afinal, o que vale mais do que uma vida? Um estádio? Uma avenida?
Afinal, o que é prioridade para o povo brasileiro ?
Será que a prioridade dos políticos combina com a do povo?
Como explicar a alguém que está ‘acampado’ em um corredor de hospital que os recursos que poderiam salvar a sua vida estão sendo investidos em um estádio, por exemplo, que vai sediar uns poucos jogos da Copa?
Claro , sabemos que os problemas da saúde pública não são limitados à falta de verbas, mas, também, à sua má administração, problema crônico e sem perspectiva de solução no momento. Mas, será que o governo vem dando a atenção devida a ela?
Claro que a teologia não tem nada a ver com isso, ou tem?
Se considerarmos a definição de teologia por parte de Karl Barth, que a definiu como “ um falar a partir de Deus”, sim, a teologia deve, sim, se posicionar na questão, já que ela envolve a saúde e a vida das pessoas, pessoas que são a maior e mais perfeita criação divina.
Quando deixamos de lado a criação de Deus – e tudo é a criação de Deus – estamos cometendo um grave erro. Afinal, toda a criação vem gemendo, há tempos, por estar sendo maltratada pelos seres humanos, para os quais todas as coisas foram feitas.
Relegar a vida humana a um segundo plano, priorizar obras de pouca utilidade em detrimento da saúde, da educação, da assistência social, vai de encontro a tudo aquilo que Deus planejou para a humanidade.
Vivemos uma época, prevista pelas escrituras, onde o amor de muitos esfriou, onde o dinheiro está acima de qualquer outra coisa, tempos de moral e ética ‘varridos’ para baixo do tapete da corrupção , tempos onde cada um quer suplantar o outro, não só em poder econômico e social, mas, de glória pessoal.
Vivemos um sistema político ultrapassado e incoerente com a chamada ‘democracia’, já que o verdadeiro detentor do poder , teoricamente, o povo, não tem acesso sequer aos seus direitos essenciais.
Nós, pelo menos os que se dizem cristãos, temos grande responsabilidade nesse processo, já que é nossa a obrigação de sermos discípulos e de fazermos a vontade daquele que é o nosso Mestre, Jesus. Quando deixamos de cumprir com isso, colocamos em risco a vida das pessoas, de várias maneiras. É nosso dever lutar para que o Evangelho seja, não apenas pregado, mas, aplicado em todas as áreas da vida humana. Afinal, a Bíblia nos diz em Tiago 4.17 que “ Portanto, comete pecado a pessoa que sabe fazer o bem e não faz.”
Com certeza, todo cristão sabe fazer o bem.
Como cristão, não gosto de cometer pecado. 
Fernando Marin

 

 

 O Cristão Frente à Questão das Drogas

Assisto pouco à televisão, minha atenção é voltada para os documentários e noticiários, a não ser que esteja passando um bom e velho western do John Wayne.

Mas, é em relação aos noticiários que quero comentar. Há alguns dias, chamou a minha atenção uma reportagem sobre o assassinato de uma senhora, pelo ex-namorado da sua filha, inconformado com o fim do relacionamento.

Infelizmente, assunto que não mais surpreende a ninguém, mas, um detalhe me chamou a atenção: o assassino é usuário de drogas. Voltei-me para os noticiários policiais, e reparei que a maioria das ocorrências hoje envolvem traficantes ou usuários de drogas, que roubam, matam, cometem uma série de crimes sob o efeito delas ou pela necessidade de obter recursos para a sua compra.

Infelizmente, o entendimento jurídico da legislação vigente, descriminaliza o uso da droga, atribuindo ao usuário o título de “vítima”, de alguém que necessita de cuidados psicológicos, de internação, ou seja, não há punição para aqueles que consomem drogas, só  os traficantes são presos e processados.

Isso merece uma discussão mais ampla por parte da sociedade. Afinal, só há traficantes porque existem consumidores da droga. Se não houver punição para os usuários, como exterminar o tráfico? Isso tem sido debatido com mais intensidade desde que a polícia, em São Paulo, passou a ocupar a região da cidade chamada de ‘cracolândia’, onde milhares de viciados em crack vagueiam durante todo o tempo, consumindo abertamente essa droga mortal e deixando a região central da cidade em uma situação de abandono e crise.

Paralelamente, podemos constatar a falta de controle das autoridades sobre o tráfico de drogas, atividade altamente lucrativa, o que causa uma grande dificuldade de combate a essa prática criminosa, que tem ramificações em outras modalidades de crimes, como roubos a bancos, a veículos, exploração de tv a cabo clandestina e por aí afora.

No meio disso tudo, estão os usuários, muitos deles jovens de famílias comuns, estruturadas e que, por questões diversas, acabam no vício danoso, destruindo as suas vidas e as dos seus pais e parentes.
Talvez o leitor pense que a teologia nada tem a ver com isso, mas, tem sim.

Com certeza, creio que o dependente deve ser tratado, para que deixe o vício. E aí, começam os problemas, já que o Estado não oferece uma estrutura adequada à esse tratamento. São poucas as vagas nas instituições públicas. Quanto à particulares, custam caro, só uns poucos privilegiados podem arcar com os custos de internação e tratamento.

Existem, ainda, as entidades ligadas à igrejas, ONG’s , etc, que nem sempre estão capacitadas tecnicamente para essa missão difícil , cara e de eficiência duvidosa, já que o tratamento não garante o sucesso esperado, pois depende de acompanhamento permanente depois da fase de internação.
O que fazer, então?

Acredito que poucos buscam as drogas apenas por prazer. A maioria das pessoas dependentes que conheci, foram vítimas em uma série de situações familiares, sentimentais, decepções, enfim, buscaram a solução para os seus problemas da maneira mais fácil de se obter, por não receberem orientação e/ou atenção  adequadas no momento em que delas necessitavam.

Com certeza, a família, formada por Deus a partir de Adão e Eva, deveria ser a principal guardiã da sociedade, dentro do propósito de ser a célula principal da educação e formação do indivíduo. Paralelamente, a escola, se realmente atingisse aos seus objetivos, seria, juntamente com a família, local de atenção e formação de caráter, que poderia afastar a muitos das mazelas causadas pelas drogas.

E quanto à igreja? Se ela realmente seguisse tudo aquilo o que o seu criador, Jesus Cristo, a ela determinou, o mundo, com toda a certeza, seria muito diferente. Se o amor, colocado por Ele como o maior de todos os mandamentos, estivesse realmente à frente de todas as coisas, nossas vidas seriam muito melhores do que são. Toda a sociedade teria como se espelhar no amor cristão, no bom testemunho de vida cristão para viver de forma condizente com esse ensinamento, espalhando essa mensagem maravilhosa por todos os cantos. E todos seriam cuidados, teriam atenção, educação, não haveriam motivos para se buscar a saída em produtos químicos mortíferos, as drogas, lícitas ou não, todas são mortíferas.
Onde falhamos?

Como resolvermos essa situação de epidemia sem controle?
Como salvar a vida dessas pessoas que estão à margem da sociedade, transformadas em verdadeiros zumbis? Outros, na criminalidade?

Há algumas iniciativas louváveis para se mudar essa realidade, mas, isso depende da nossa própria transformação. No dia em que nós, cristãos, passarmos do discurso à prática, transformaremos o mundo!

Não custa deixar como mensagem os versículos 22 e 25, de Tiago capítulo 1: 
“Não se enganem; não sejam apenas ouvintes dessa mensagem, mas a ponham em prática”.
“O evangelho é a lei perfeita que dá liberdade às pessoas. Se alguém examina bem essa lei e não a esquece, mas a põe em prática, Deus vai abençoar tudo o que essa pessoa fizer.”

Sejamos, pois, abençoados por Deus praticando essa mensagem maravilhosa do amor aos outros!  Coloquemos as necessidades dos outros acima das nossas próprias!
Lutemos por um mundo justo, ético, pacífico, solidário!
Começamos agora?

Fernando Marin


Moradia e Dignidade

Todos os dias, pela manhã, gosto de ler os principais jornais (via Internet), para melhor me informar dos fatos ocorridos enquanto dormia.

Hoje, em pleno domingo, me deparo com (mais ) uma notícia triste: fogo em favela em São Paulo.  Dessa vez, na Vila Guilherme, Zona Norte , e com duas pessoas mortas.

Incêndios em favelas de São Paulo, infelizmente, são frequentes. Lá, as comunidades carentes costumam ocupar terrenos planos, vazios ou abandonados, onde constroem centenas de pequenos barracos, utilizando madeira e papelão – altamente combustíveis – como materiais básicos. A energia elétrica , é obtida através de ligações clandestinas (os famosos “gatos”, que também existem em algumas residências de alto padrão), o que favorece curtos-circuitos. A água, normalmente é ‘furtada’ da rede normal, até mesmo porque, devido à irregularidade da situação das moradias, as companhias concessionárias negam-se a efetuar as ligações de forma regular.

Mas, por que motivos as pessoas aceitam viver nessas moradias toscas? Sem conforto, sem privacidade, sem saneamento?

Quem conhece São Paulo – falo hoje sobre São Paulo, já que o fato ocorreu lá, mas as favelas estão em todos os lugares – sabe das dificuldades. Os mais pobres aceitam tal condição por não poderem adquirir regularmente suas casas, devido ao alto custo das construções. Outro fato a ser levado em consideração, são os altos custos do transporte coletivo na capital paulista, o que onera os trabalhadores que moram mais distante do seu trabalho, isso sem contarmos com os tempos de deslocamento, que podem chegar a 4 horas diárias.

Mas, antes que o leitor pergunte o que a Teologia tem a ver com isso tudo, creio que poderíamos, sim, dar um ponto final a essa falta de dignidade, a que assistimos calados.
Interessante notar que, mesmo tendo conhecimento da falta de moradias, a maioria das prefeituras não toma nenhuma iniciativa para reverter esse quadro. A não ser, quando acontece um incêndio, por exemplo, quando aparecem por lá cadastrando os moradores que perderam as suas moradias, prometendo uma solução mágica que nunca chega a ser realidade.

Por que não se constroem casas populares? Há poucos dias atrás, assistimos a cenas de selvageria, durante a desocupação de uma grande área invadida há anos, em São José dos Campos uma cidade altamente industrializada, rica, populosa. Apesar disso, vemos um verdadeiro ‘jogo de empurra’ entre prefeitos , governadores e presidente da República, todos afirmando ser do outro a responsabilidade.
E nada muda. Vidas se perdem, os poucos bens materiais se vão, em incêndios, enchentes, desocupações, mas o quadro não muda.

Moradia trás dignidade, e dignidade é fundamental. Uma família, para atingir a felicidade, necessita de moradia, educação, saneamento, saúde, ou seja, daquilo tudo o que os governos sempre prometem em épocas eleitorais, mas, nunca cumprem.

Moro em uma cidade de pequeno porte (100 mil habitantes), com um afortunado orçamento anual e, mesmo assim, há anos a prefeitura não constrói uma única casa popular, mesmo tendo conhecimento de uma demanda de cerca de 2000 delas.

No Brasil sempre pudemos ver, a cada governo que vem, novas conquistas sociais, bolsas-família, cheques-cidadão, mas, creio que tudo isso são formas de apenas desviar a atenção para o verdadeiro problema, ou de não querer resolvê-lo: a falta de dignidade humana.

Ninguém mora mal por querer, com certeza.
Creio que as igrejas, ONG’s, governos, deveriam estar mais atentos à essas situações diárias que maculam nosso país e, principalmente, trazem dor, sofrimento, aflição a milhões de brasileiros que não possuem um teto decente para se abrigarem.

É dever de todo cristão ou não de lutar para que haja melhoria da qualidade de vida, mesmo que seja por preocupação com um futuro melhor para a sociedade.

Afinal, o que poderemos esperar para o futuro dessas crianças que vivem nessas condições?Fora isso, temos de lembrar que o valor da vida humana é inestimável. Desta vez, foram duas as pessoas que perderam suas vidas. Quantas serão de uma próxima vez? Até quando a inércia das autoridades vai causar mortes? Até quando a inércia do povo cristão vai deixar que pessoas morram?

Mãos à obra! Lutemos para que os mais pobres tenham a vida em abundância que Jesus prometeu! O trabalho de evangelização e de atendimento aos mais pobres deveria ser prioridade em todas as igrejas, de todas as denominações. Afinal, é isso que prega o Evangelho. Foi essa a tarefa que recebemos de Jesus. É assim que demonstramos o amor que há (ou deveria )haver em nós.
Chega de conversa e vamos à luta!
Fernando Marin



  
Um Desafio Para o Novo Ano
Desde 2010, a cada dia 11 de janeiro,  muitas  pessoas  vão relembrar aquela que foi considerada como a pior tragédia que já se abateu sobre o Brasil.
  
No meio da noite, sem aviso, uma chuva de magnitude nunca antes vista, atingiu partes da serra fluminense. Em poucos minutos, córregos tranquilos se transformaram em turbilhões de água, que tragavam tudo por onde passavam.
   
Naquela noite, as pessoas foram dormir como em todas as outras noites, cansadas, ou fazendo planos para o dia seguinte, ninguém esperava por toda aquela situação. E , muitas delas morreram. Foram mais de mil, se contarmos as mais de duzentas cujos corpos nunca foram encontrados – e nem serão.
   
Sei que muitos podem questionar sobre o que a teologia tem a ver com isso. Aliás, eu já me fiz várias vezes essa mesma pergunta e, por isso, essa tentativa de se colocar em palavras o sentimento que, desde a época, me invadiu.
   
Hoje, passada a fase do socorro às vítimas, começamos a perceber o somatório de situações que levou a aquela tragédia toda. Depois de estudos, inspeções, reuniões, a conclusão é a de que faltaram ações públicas para evitar a morte daquelas pessoas.
   
Isso mesmo, a omissão do poder público, acabou por causar tantas mortes, ferimentos, sofrimentos, perdas materiais, a simples ação de não agir, acabou por causar tudo aquilo. Estupefatos, vemos, ainda, o afastamento dos prefeitos de duas das cidades atingidas , afastamentos esse que se deram por má gestão dos recursos financeiros enviados para o socorro às vítimas.
   
Afinal de contas, o que está acontecendo com o ser humano?
   
Quem, como eu, conhece as regiões atingidas, sabe bem que toda essa tragédia era anunciada há anos. Há décadas, os municípios – e o estado – vem permitindo, ou melhor, se omitindo para proibir construções de imóveis em áreas de risco, muitas nos morros, outras, ainda, nas beiras – ou pior – dentro da calha dos rios que cortam a região, simplesmente ignorando todas as leis de controle ambiental, visando apenas e tão somente a ‘simpatia’ daquelas pessoas, simpatia essa que acaba se transformando em votos. Ou em cadáveres.
   
Nem só os pobres foram afligidos. No local denominado como Vale do Cuiabá, por exemplo, diversas pousadas e hotéis de bom padrão, haras, mansões, tudo foi tragado por um pequeno rio enfurecido pelas águas , ceifando a vida de muitos, apenas porque alguém se omitiu e permitiu aquelas construções ali.
   
Isso tudo me lembra o texto bíblico de Lucas 12, onde Jesus conta a história de um fazendeiro que teve uma abundante colheita e que, no intuito de enriquecer ainda mais, mandou derrubar seus celeiros e construir outros maiores, para armazenar tudo o que colhera, já que pensava em viver dos lucros daquela grande colheita. Não, o fazendeiro não pensou em distribuir parte daqueles alimentos todos para os pobres. Quis juntar ainda mais, sem saber que morreria naquela mesma noite. Muitos hoje, na ânsia de enriquecer ou de levar alguma vantagem, fecham os olhos para as leis, para tudo o que possa a vir a se colocar no caminho da sua ambição, isso sem o menor constrangimento, sem qualquer preocupação com as consequências dos seus atos. Nesse momento, por exemplo, enquanto escrevo este artigo, árvores centenárias estão sendo abatidas na amazonia, barrancos estão sendo escavados para a construção de casas, rios estão sendo assoreados por ignorância da obrigação das matas ciliares, barracos estão sendo construídos em locais de risco, e por aí vai.
   
Onde vamos parar? Será que a vida humana perdeu totalmente o seu valor? Será que os políticos e administradores públicos que se omitiram na tragédia da região serrana do Rio conseguem dormir tranquilos, sem qualquer problema de consciência?
   
Não tenho resposta para essa pergunta, mas, também me sinto um dos culpados. Quando nós, cristãos, deixamos de cumprir com a nossa parte, pessoas podem morrer. Quando permitimos que as leis sejam simplesmente ignoradas, quando dizemos que não temos nada a ver com isso, quando falamos que temos de orar pelos outros, mas não tomamos atitudes, pessoas podem morrer. Não me refiro apenas ao caso que abordamos aqui, mas em relação a diversas áreas da vida.
   
Se , na qualidade de cristãos, fizéssemos com mais empenho o trabalho que Jesus nos designou, com certeza, o mundo seria melhor. Se gastássemos mais nosso tempo pregando o evangelho, levando mais pessoas a Cristo, muitas mortes poderiam ser evitadas, já que o conhecimento da Palavra traz Salvação e transformação.
   
Quando preferimos descansar a trabalhar mais pelo Reino de Deus, pessoas ficam entregues à própria sorte, sem direção, sem esperanças, sem expectativas de uma vida melhor, deixam de conhecer a vida com abundância pregada pelo Mestre.
   
Que tal uma grande mudança nesse novo ano que ora se inicia? Que tal nos determinarmos a partir para a práxis, deixar um pouco de lado o banco da igreja e seguir para as ruas, bairros pobres, levando conhecimento, paz, esperança? Cobrar mais dos políticos que cumpram com as suas obrigações, fiscalizar melhor o cumprimento das leis,  seriedade na aplicação dos recursos públicos?
   
Que tal salvarmos almas e vidas?   
Deixo aqui esse desafio.                           
Fernando Marin


Aprendendo com a Bíblia
                                                                                                            
Sempre aprendi que a Bíblia é a Palavra de Deus, e que ela é um verdadeiro manual prático para as nossas vidas. E concordo com essa colocação. E vou mais além: muitos de nós, quando lemos seus belos e reveladores textos, temos o hábito de espiritualizar as passagens e, dessa maneira, perdemos uma série de importantes ensinamentos, que nos podem ser extremamente úteis em nossa vida diária.

Todas as vezes em que sou encarregado de pregar a Palavra, tenho a preocupação de estudar com atenção o texto escolhido ( ou determinado), para que possa extrair dele o máximo possível de informações, principalmente aquelas que possam vir a nos ajudar em nossa caminhada do dia-a-dia , e, para isso, sirvo-me de uma leitura mais atenta e do auxílio de comentários diversos.
Na semana passada, ao ser convidado para levar a Palavra a uma igreja, senti em meu coração de estudar melhor o texto do evangelho de Marcos, capítulo 6, versículos 30 a 44, uma passagem conhecida, publicada nos quatro evangelhos, e que mostra um dos milagres de Jesus, quando Ele, dispondo apenas de 5 pães e dois peixes, alimentou uma multidão de cerca de 12 mil pessoas.
O fato aconteceu já no terceiro ano do ministério de Jesus na terra, quando os apóstolos tinham acabado de voltar de Cafarnaum, da sua primeira missão de pregar o evangelho. Com certeza, eles estavam cansados, com fome, com os pés doloridos, já que, naquela época, as viagens eram feitas caminhando.
     
Como as pessoas viviam rodeando Jesus, o Mestre preferiu leva-los de barco até uma região mais sossegada, para que pudessem descansar um pouco.
Porém, mesmo assim eles foram vistos, e a multidão os seguiu e os cercou pelas margens, ou seja, não houve como ficarem a sós.
Diz o texto que , quando Jesus viu aquelas pessoas, compadeceu-se delas, quer dizer, sentiu amor por elas, porque pareciam um rebanho desgarrado, ‘ovelhas sem pastor’, pessoas que não sabiam para onde ir, a quem recorrer, precisavam de alguém que os desse direção.
E passou a ensiná-las, a discipulá-las.
E, já no final do dia, os discípulos chegam a Jesus e dizem: Mestre, é melhor despedir todo esse povo, para que eles saiam por aí e comprem comida, pois aqui onde estamos não há onde comprar nada.
     
Naquele momento, parece que aquelas pessoas se tornaram um incômodo para eles.
     
E para nós, será que as pessoas também são um incômodo ou são merecedoras do nosso amor?
Mas, Jesus, talvez para prova-los, respondeu: por que vocês mesmos não dão comida a essa multidão? (“Deem vocês mesmos comida a eles.” v.37)
E aí, a resposta foi aquela que nós mesmos daríamos: como? Com que dinheiro? Nós não temos dinheiro para comprar comida para todo esse povo. Não, nós não temos como! Era muita gente. 5 mil homens, fora as mulheres e crianças. O que fazer?
Mas, Jesus não se abalou diante da dificuldade.
E perguntou :”Quantos pães vocês têm ?”  A resposta daria para desanimar a qualquer um, menos ao mestre: 5 pães e dois peixes.
  
Imagino a expressão daqueles homens naquele momento, imaginando o que Jesus iria fazer com 5 pães e dois peixes para que pudessem alimentar a todo aquele povo. Será que acreditaram que isso seria possível? Será que olharam para Jesus desconfiados?
     
Mas, o Filho de Deus não se abalou: dividiu toda aquela gente em grupos de 100 e de 50 e mandou que se sentassem. E , depois de dar graças, partiu aqueles pães e peixes, e mandou que os apóstolos os distribuíssem pelo povo.
     
E diz o texto, que todos comeram e ficaram satisfeitos!
E mais, diz ainda que sobraram 12 cestos cheios de pão e peixe!
Essa passagem, muito mais do que simplesmente narrar um dos milagres de Jesus, pode nos ensinar outras coisas importantes.
     
Podemos tirar como lição o fato de que, como discípulos de Cristo, não devemos nos preocupar com o nosso sustento, devemos servi-Lo conscientes de que, se buscarmos ao Reino em primeiro lugar , não nos faltarão meios para suprirmos as nossas necessidades básicas (Mt6.31-33). Assim, devemos encarar o trabalho para Cristo sem a preocupação com a falta do essencial em nossas vidas, pois, se o Mestre com apenas 5 pães e dois peixes alimentou toda aquela multidão, o mesmo Ele pode fazer por todo o Seu povo.
Outra lição que aprendemos, está implícita no versículo 37 (“Deem vocês mesmos comida a eles”). Muitas vezes, pensamos que alimentar as multidões não é tarefa nossa. E quando digo alimentar, penso , também , no alimento físico, como foi o caso naquele dia. Jesus, primeiramente alimentou o povo com os seus ensinamentos, e, depois, com pão e peixe.
     
Creio que essa passagem deixa claro a nossa responsabilidade com a evangelização e com o alimento do corpo também, como o Mestre determinou aos seus apóstolos. Claro que quem operou o milagre foi Ele, porém, o trabalho foi feito pelos discípulos.
     
Me chama a atenção, ainda, o escrito nos versículos 39 e 40, quando Jesus manda que o povo se sentasse na relva em grupos de 50 e de 100, para que pudessem receber o alimento.
     
Claro que, como Deus, Ele teria condições de alimentar toda aquela gente de várias maneiras, mas o Mestre pediu que eles se organizassem. Com certeza, fica aí uma mensagem de que, para que haja eficácia na Obra, deve haver organização. Mais uma vez, na Bíblia, vemos o povo sendo dividido em grupos menores , para que pudessem ser melhor atendidos. Essa mensagem pode nos remeter ao trabalho que efetuamos hoje (igreja local),que, com certeza, se for feito de forma sistemática, trará melhores resultados.
      
Também me chamou a atenção o escrito no versículo 41, quando Jesus abençoa os alimentos, os parte e entrega aos discípulos, para que esses os distribuíssem à multidão. Creio que, aqui, o Mestre nos deixa claro, mais uma vez, de que a Sua vontade é que nós façamos o trabalho. Ele abençoa os alimentos, mas somos nós que os distribuímos. Sem a benção de Jesus, não há o que distribuir. Portanto, qualquer trabalho na construção do Reino, antes deve passar pela benção de Cristo para que possa atingir as pessoas. Nada podemos fazer sem a Sua benção.
      
Outra lição importante está no versículo 42 ( “Todos comeram e ficaram satisfeitos”). Apesar de , inicialmente, serem apenas 5 pães e dois peixinhos, depois de abençoados por Jesus aqueles alimentos foram suficientes para toda aquela multidão. Quando colocamos perante o Senhor as nossas necessidades, Ele cuidará para que sejam atendidas. Se cada cristão no mundo colocasse o pouco de que possa dispor nas mãos de Cristo, haveria alimento para todos ! É só confiar Nele!
      
Constatamos, também, na leitura do verso 43, que todos se fartaram e que ainda sobraram 12 cestos cheios, que foram recolhidos para que não houvesse desperdício. Deus é generoso! Sempre nos abençoa com mais do que precisamos, mas nos ensina que não deve haver desperdício. Aprendo que temos desagradado ao Senhor com muitas atitudes que tomamos hoje, seja em nossas casas ou na vida que levamos. Os homens tem usado e abusado dos recursos naturais, gastamos mais água do que deveríamos, não tratamos convenientemente os esgotos, não reciclamos todo o lixo que poderíamos, enfim, creio que nesse texto há uma importante mensagem sobre como devemos aproveitar o máximo os recursos de que dispomos.
      
Mas, creio que o mais importante ensinamento dessa passagem , está no versículo 31,  onde vemos que Jesus reuniu os discípulos e os levou de barco para um lugar calmo, para que pudessem descansar.
      
Quantas vezes isso também acontece conosco? Paramos para descansar, enquanto que as multidões estão por aí, perdidas como ovelhas sem pastor. Paramos para descansar, enquanto as multidões estão por aí, famintas, não só de salvação, mas de alimento mesmo. E os cristãos descansam...
      
Não, mesmo cansados da jornada da qual retornavam, eles decidiram não descansar.
      
Há muito o que fazer, multidões para ensinar e alimentar. Não, não podemos parar.. Mesmo que nossos pés estejam doloridos, o corpo , cansado das jornadas diárias, existem muitas ‘ovelhas sem pastor’ necessitadas da nossa ajuda e trabalho. Sim, Jesus opera o milagre, porém a tarefa de levar o alimento é nossa.
      
Que cada um possa meditar e mudar de atitude, para que as multidões possam receber o alimento de que tanto necessitam.

Fernando Marin





Afinal de contas, o que é igreja?
 Quando vi a imagem acima em uma rede social, muitas coisas me vieram à mente. O que é a igreja? O que devemos procurar lá? Como a maioria das pessoas vê a igreja hoje?
     Lembrei-me do livro de Atos dos Apóstolos, em seu capítulo 2, que narra os primórdios da vida dos primeiros cristãos, onde constatamos a sua característica notável da consciência do seu chamado e separação como povo de Deus. Os primeiros cristãos tinham em mente que a igreja era uma instituição divina, fundada e controlada por Jesus, e viviam exatamente dentro dessa concepção.
     Os primeiros cristãos, levavam suas vidas separados do resto do mundo , consideravam-se cidadãos do céu , e não da terra , governavam seus atos por princípios que vinham de Deus , criam que a vida aqui na terra era apenas temporária e que a sua verdadeira vida estava no futuro , ou seja, nada aqui tinha prioridade.
     Não se preocuparam com a construção de templos, pois costumavam se reunir em suas casas. Não julgaram importante a construção de edifícios custosos, cheios de salas que são usadas apenas umas poucas vezes por semana. Se reuniam para receber a doutrina dos apóstolos, desfrutar da comunhão, partir o pão e orar. A evangelização acontecia através do seu testemunho , e, os recém convertidos, eram acolhidos e recebiam alimento e incentivo.
     Os apóstolos não se preocuparam em formar qualquer tipo de organização para realizar a obra de Deus. A igreja local era o grupo de pessoas usado por Deus para propagar a Palavra de fé e os discípulos se contentaram em trabalhar nesse contexto. Muito diferente de hoje, quando há a disseminação de inúmeras denominações, missões e organizações, onde pastores competentes acabam por se afastarem dos seus afazeres ministeriais primordiais para se tornarem administradores . Penso que, se todos os obreiros encarregados de administrar organizações pudessem servir no campo missionário, talvez não houvesse falta de pessoal para tal, sem falarmos na enorme soma de recursos gastos na estrutura administrativa dessas organizações, que seria muito melhor empregada no campo.
     A multiplicação de denominações e de instituições, leva a uma outra questão, a rivalidade, inveja, formação de facções, o que acaba criando um número maior de novas denominações, muitas com uma teologia própria de seus líderes, o que tem trazido confusão e desvio  da pura doutrina e da Palavra do Evangelho.
     A Igreja é o instrumento fundado por Jesus para a expansão do Reino de Deus sobre a terra, discipulando os que aceitarem a Salvação pela Graça oferecida por Cristo àqueles que crerem , nada mais que isso. É meio de transformação de vidas, de comunhão, de oração. Fazer parte da Igreja, significa ter motivos para louvar e agradecer pela libertação do pecado e por ter-se agora a nova condição de Filhos de Deus. É na Igreja que expressamos nosso amor ao próximo, praticando atos de compaixão, perdão, solidariedade.
      “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.” Mateus 6.33 NVI
     Jesus promete uma série de bênçãos de todos os tipos àqueles que O buscarem em primeiro lugar, àqueles que praticarem as boas obras que provém da fé verdadeira, àqueles que realmente crerem que Ele é o Filho de Deus e Salvador. Portanto, para aqueles que forem Igreja .
Fernando Marin




 Teologia e Ecologia - Tudo a Ver
Quando lemos a Bíblia, a qual consideramos como inequívoca Palavra de Deus, logo no livro de Gênesis constatamos que o Senhor criou os céus e a terra, o homem e tudo o que nela vive.
    E considerou que tudo era bom. Assim, Deus constituiu o homem como o guardião da criação (Gn 2.15).
    Porém, hoje, temos visto o homem, em sua ganância de produzir cada vez, mais a fim de alimentar uma cada vez maior sede de consumo, destruir deliberadamente a natureza, a perfeita criação de Deus, sem se importar com a vida das pessoas hoje e nas gerações vindouras.

    Assistimos pasmos, a uma enorme tragédia, a maior tragédia já acontecida em nosso país, em janeiro passado, uma chuva nunca antes vista assolou a região serrana do Rio de Janeiro, matando mais de 1000 pessoas e destruindo cidades inteiras. Até hoje, não houve possibilidade de se recuperar o estrago, isso às vésperas da nova temporada de chuvas que se aproxima.

   No mês de Outubro passado, conversava com um amigo teólogo em São Paulo acerca de uma reportagem recém publicada em um grande jornal que dizia que, no ritmo atual de exploração, os recursos naturais se esgotariam em 40 anos.

  40 anos! Quase nada! Mas, o que será da vida de nossos filhos e netos? Afinal qual a contribuição que a teologia tem para essa situação?

  Entendo que todo aquele que acredita em Deus deve respeitar a Sua obra. Quando Ele criou a terra e tudo o que nela há, foi para que a vida pudesse ser viável neste planeta. A natureza existe para que, com a sua perfeição, a vida humana possa subsistir de forma plena e abundante. Assim, quando desrespeitamos o meio ambiente, poluindo águas, gerando enorme quantidade de lixo, tornando o ar irrespirável, estamos contribuindo para a destruição da nossa própria existência, e tudo isso por mera ganância capitalista.

  Deus nos ensina a amar ao nosso semelhante. No entanto, a falta de educação ambiental, aliado a um descumprimento das leis ambientais, tem criado condições para que muitas pessoas adoeçam ou venham a perder a vida, como consequência de catástrofes ambientais. Quando fechamos nossos olhos egoístas à pobreza, e permitimos que se construam casas simples nos morros e encostas, estamos condenando pessoas à morte. O mesmo acontece quando não damos destino adequado ao lixo e ao esgoto gerados pela nossa geração consumista e egoísta.

  Quando, na ânsia de ganhar mais, destruímos as matas ciliares dos rios, criamos a falta de água para populações inteiras. Pior: fazemos isso sabendo das consequências futuras. Estamos permitindo o desmatamento da Amazônia, mesmo conhecendo os severos danos ambientais futuros não só ao Brasil, mas a todo o mundo!

   Lemos na Bíblia, em Tiago 4.17, que , aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado. Assim, estamos deliberadamente indo de contra ao ensinamento de Jesus Cristo, quando, de alguma maneira, contribuímos para o mal das pessoas. Devemos refletir bastante antes de tomarmos qualquer medida que possa vir a fazer o mal a alguém.
  Aquele que crê em Jesus e na Palavra de Deus tem a obrigação de preservar a vida, e a vida é muito mais do que o ser humano, ela está nas águas, nos ares, nas florestas, em tudo aquilo que o Senhor criou com a Sua imensurável sabedoria a fim de sustentar a vida humana na terra.
  Se as gerações anteriores destruíram, plantemos. Devemos dar o exemplo, para que possa haver futuro.
Fernando Marin





Uma Questão de Humildade


    Creio que o maior de todos os ensinamentos que Jesus nos deixou depois da sua breve passagem por este mundo, foi a humildade. O próprio Deus se fez carne, habitou entre nós e entregou a sua vida, numa morte estúpida e dolorosa, por amor a pecadores e imperfeitos.

     Mas, afinal, o que é humildade? Se buscarmos em um dicionário, verificaremos que essa palavra pode ser definida como “capacidade de reconhecer os seus próprios erros, defeitos ou limitações”; sinônimo de ‘modéstia’.  O bispo anglicano, teólogo e escritor Jeremy Taylor, diz que:

     “Humildade não consiste em erigir cercas contra você mesmo, usar roupas de mendigo ou portar-se de forma suave e submissa. Consiste, porém em ter de si próprio uma avaliação sincera de que você realmente é mau e medíocre”.

     Quando buscamos na Bíblia, encontramos uma série de textos que engrandecem a humildade como característica principal do cristão, textos que afirmam a necessidade de sermos dependentes de Deus, e não de nossos dons e talentos.

     Porém, muitos cristãos insistem em manter um estilo de vida independente e autossuficiente, e um exemplo clássico disso, encontramos no texto de Mateus 17. 14 – 21, quando os próprios discípulos não conseguiram expulsar um demônio que atormentava a vida de um jovem, e foram advertidos por Jesus, de que havia a necessidade de jejum e oração, ou seja, de se achegar mais a Deus, para que o poder do Espírito Santo possa operar através de seu povo.

     Olhando à nossa volta, hoje, percebemos que muitos cristãos estão perdendo o foco como igreja, deslocando esse foco para outras ações que não as preconizadas por Cristo, preocupando-se com a construção de templos suntuosos, festas e eventos grandiosos, programas de televisão caríssimos, e por aí vai. Poucos são os que, como Jesus ensinou, priorizam o amor a Deus e ao seu próximo, como Jesus estabeleceu como os maiores dos mandamentos.

     No chamado Sermão do Monte (Mateus capítulos 5 a 7), Cristo colocou a ‘humildade de espírito” como a primeira das bem aventuranças, salientando a necessidade de nos colocarmos na dependência total de Deus, para que possamos ter uma vida abençoada.  Ele falava frequentemente de humildade, e mostrava em sua vida de serviço o que significa elevar os outros acima de nós mesmos. O maior exemplo da importância que  Jesus dava à humildade, está em João 13, quando, na chamada Última Ceia, Ele lava os pés dos seus discípulos, atividade que, na época, era desempenhada pelo mais humilde dos servos.

     Podemos tirar algumas conclusões claras e importantes do ensinamento da Bíblia, mostrando porque a falta de humildade impede a salvação:

·         Sem humildade, não serviremos aos outros como deveríamos, porque aqueles que são arrogantes e egoístas não querem servir, mas ser servidos.

·         Sem humildade, não seremos discípulos. Os orgulhosos querem ser chefes e cobiçam a posição e a influência de outros.

·         Sem humildade não buscaremos realmente a verdade. O homem orgulhoso pensa que já conhece todas as respostas, e não quer depender de quem quer que seja, nem mesmo do próprio Deus.

·         Sem humildade, não reconhecemos nossos próprios defeitos. Somos até capazes de enganar nossos próprios corações para não vermos nosso próprio pecado. Saul fez isto quando defendeu sua desobediência na batalha contra os amalequitas. Ele argumentou que tinha obedecido ao Senhor e quem tinha errado não teria sido ele, mas o seu povo (1 Samuel 15:20-21).

·         Sem humildade, temos dificuldade em aceitar a correção. Provérbios 15:31-33 mostra a consequência de tal orgulho:

“Aquele que aceita a repreensão justa andará na companhia dos sábios. Quem rejeita conselhos prejudica a si mesmo, mas quem aceita a correção fica mais sábio. Quem teme o SENHOR está aprendendo a ser sábio; quem é humilde é respeitado.”

·         Sem humildade, também não perdoamos o erro dos outros. O orgulho é egoísta, e nos torna facilmente ofendidos e lentos a perdoar. Isto cria uma barreira para a salvação. Jesus ensinou claramente que a pessoa que não perdoa não será perdoada por Deus (Mateus 6:,14-15).

Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês.”

   A última linha é muito clara. Se não aprendemos como ser humildes, não entraremos no céu.

     São muitas as lições que aprendemos da Bíblia no tocante à humildade. Se nos dizemos cristãos, temos de agir como tais. Sabemos da necessidade humana de sobressair, em se mostrar sábio, abençoado, ungido, ou seja, de queremos de alguma maneira ser bem vistos pelos demais. Porém, as palavras de Jesus Cristo nos colocam em nosso devido lugar:

Mateus 23.12 “Quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido.”

   Ainda em relação a esse tema, palavras de João Calvino:

...”Daí, não é difícil deduzir por que meio Adão atraiu sobre si a ira de Deus. De fato, Agostinho fala acertadamente quando declara que o orgulho foi o princípio de todos os males. Pois, se a ambição não tivesse elevado o homem acima do que era próprio e certo, ele poderia ter permanecido em seu estado original” (João Calvino).

Que todos se sintam abençoados com essas palavras.
Fernando Marin




Separados do mundo?
Há poucos dias, me deparei com essa imagem , publicada em uma rede social, conclamando as pessoas a fazerem 1 minuto de silêncio em prol das vítimas da fome em todo o mundo. As imagens são fortes , e me sensibilizei, compartilhei o link com amigos, ou seja, espalhei aquele pedido para que muitos outros tomassem conhecimento desse fato e que as suas consciências pudessem ser mobilizadas para alguma ação que pudesse, de alguma maneira, vir a colaborar com essas pessoas atingidas pela miséria que assola muitos países do nosso planeta.
Alguns minutos depois, verifiquei que haviam uma série de comentários à convocação e, ao lê-los, confesso que me escandalizei. Várias pessoas condenavam  a publicação, muitas delas cristãs, sob a alegação de que fazer silêncio não mata a fome de ninguém, e que essa seria uma iniciativa inútil.  
Cheguei a imaginar que o errado era eu, que não faço muito pela erradicação da miséria no mundo, porém logo depois me perguntei o que aquelas pessoas todas estariam fazendo em prol da erradicação da fome para que condenassem como inócua essa iniciativa?
Argumentei que toda iniciativa é válida para se chamar a atenção para uma questão social, já que isso desperta a discussão e através da discussão se chega à ação, e a ação gera a solução. Afinal nosso método teológico latino-americano é baseado no ver-julgar-agir , mas constatei que alguns chegaram a se irar, mantendo a sua posição.
Me pergunto, em que tipo de sociedade vivemos hoje, que se nega a enxergar as mazelas do mundo? Mais ainda, que tipo de igreja vivenciamos, já que poucas iniciativas  são tomadas com vistas a atender às necessidades das pessoas? Me preocupo com a indiferença de grande parte dos cristãos em relação ao que existe à sua volta, como se realmente fossemos separados deste mundo. Somos separados  espiritualmente, mas vivemos aqui.
É verdade, às vezes pensamos que muito pouco podemos fazer para alimentar multidões.
Mas, quando recorremos à Bíblia, descobrimos que havia um grupo que também não acreditava que isso seria possível. No evangelho de João, capítulo 6, lemos que Jesus, ao constatar o tamanho da multidão que o cercava, perguntou a Filipe como eles poderiam alimentar tanta gente, testando ao seu discípulo. A resposta foi dentro do esperado, Filipe argumentou com o Mestre que precisariam de muitas moedas de prata para isso. André também duvidou da capacidade que teriam de alimentar tanta gente, e argumentou que ali havia um jovem que possuía 5 pães de cevada e dois peixinhos. O que seria isso para tanta gente?
Porém , Jesus operou o milagre, e aquela pequena quantidade de alimento foi suficiente para todos, mais ainda, o texto nos diz que ainda houve grande sobra.
Trazendo para os dias de hoje, creio que o grande milagre que poderíamos ver operado seria a união de todos, fomentada pelo amor ao próximo, para iniciativas de porte que pudessem realmente ser efetivas para modificar , não só essa situação, como outras também que esperam pelos nossos esforços e soluções. A união de igrejas, denominações e corações, atendendo ao chamado de Jesus no Grande Mandamento expresso em Mateus 22.39 “Ame os outros como você ama a você mesmo.”, seria capaz de mobilizar milhões de pessoas – só no Brasil – numa luta em prol dos desfavorecidos sociais, com certeza com resultados efetivos. Juntos e unidos, formaríamos uma grande e poderosa onda , uma onda de amor, que contagiaria a muitos outros e que seria capaz de mostrar ao mundo  que só Jesus Cristo é capaz de unir forças para o exercício do bem.
Por que não? 
Fernando Marin



A Igreja e os Jovens

A cada fim de semana, a imprensa nos choca com notícias de mortos e feridos em acidentes de trânsito, muitos deles causados por jovens alcoolizados, que dirigiam carros de luxo em alta velocidade pelas ruas de nossas cidades. Há poucos dias, em Minas Gerais, um motorista ainda jovem (e bêbado), invadiu uma festa popular, causando morte e ferimentos em várias pessoas, e isso em uma cidade pequena e (antes) pacata, onde nem o hospital local estava preparado para dar um atendimento às vítimas.
   A cada notícia dessas, me vem à mente a imagem de um grupo de jovens, a maioria dos doze com cerca de 20 anos, que, quando chamados a seguir o Mestre, não pensaram duas vezes, abriram mão de suas vidas, profissões, pais, lares, e saíram por aquela terra, pregando, evangelizando, acreditando em tempos melhores e de vida eterna.
   Esses jovens discípulos de Jesus foram os fundadores da Igreja. Sua mensagem era de paz, de amor ao próximo, de uma vida sob a direção de Deus, de busca de uma vida de serviço e de espiritualidade.
   O que mudou de lá para os dias atuais? Por que muitos jovens hoje não encontram seus lugares na igreja de Cristo? Onde a igreja tem falhado em não obter sucesso na maioria dos trabalhos que realiza com jovens? Por que hoje a bebida, o sexo, as drogas, tomam o lugar de Jesus no coração desses que, em outras épocas, foram escolhidos diretamente por Jesus para segui-lo?
   Há muitas perguntas para as quais não temos as respostas adequadas. Creio que, realmente, temos falhado em várias áreas. Cabe aos teólogos analisar as tendências da sociedade e pensar soluções, que venham de encontro às demandas sociais, que venham a trazer solução aos problemas com que nos deparamos todos os dias, em todos os lugares.
   Talvez, estejamos nos alheando a essa questão dos jovens, e do seu afastamento da igreja, da Palavra de Deus. Talvez, nossa mensagem esteja antiquada, e não mais surta efeito. Talvez as deficiências na área da educação estejam formando cidadãos egoístas, despreparados para a vida em comum. Vivemos a era do TER, e não do SER. Somos vítimas de um sistema educacional falho e altamente calcado no consumismo, na necessidade de sobressair, de competir para alcançar o seu espaço. Em muitos estados e municípios brasileiros, as aulas de educação religiosa foram suprimidas, assim como as de Formação Cidadã.
   É mais que hora de repensarmos a questão educacional no Brasil, de se valorizar mais os educadores – de todos os níveis. Valorizar não é apenas remunerar bem, mas preparar, qualificar, oferecer estrutura de trabalho adequada. 
   É mais que hora de se reestruturar os currículos escolares, trazendo de volta matérias importantes na formação da criança, preparando-a para a vida em sociedade.
   É mais que hora de, como igreja de Cristo, adequarmos a nossa realidade aos anseios da juventude, preparando ambiente, pessoal e temáticas que colaborem para a formação religiosa, visando a mantermos a presença jovem no seio da igreja, não fazendo como temos visto em algumas igrejas locais, abrindo mão de questões doutrinárias, mas preparando um trabalho de discipulado sério e que possa vir a conscientizá-los dos malefícios das drogas, lícitas ou não, e para a necessidade da participação dessa juventude na melhoria do quadro social que reina no Brasil.
   É mais que hora de arregaçarmos as mangas, de trabalharmos sério e fazermos a diferença.
Fernando Marin