quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam - Francisco I

Religião
Argentino é anunciado Papa Francisco I.
Esta é a primeira vez em dois milênios que o Santo Padre é nascido na América
 
Publicação: 13/03/2013 16:18  - Atualização: 13/03/2013 16:48
 

Francisco I, o 266º papa da Igreja Católica, foi eleito depois de cinco votações (AFP PHOTO/DANIEL GARCIA)
Francisco I, o 266º papa da Igreja Católica, foi eleito depois de cinco votações

"Habemus Papam". E o Sumo Pontífice é argentino. A notícia, há poucos dias impensada pelos fiéis latino-americanos, veio às 16h18 horas desta quarta-feira, pouco mais de uma hora após a fumaça branca subir no Vaticano. Seguindo a tradição de dizer o primeiro nome do novo papa em latim e o sobrenome no idioma de origem, o cardeal-diácono Jean-Louis Tauran anunciou aos milhares de católicos presentes no Vaticano, da varanda central da Basílica de São Pedro, Dom Jorge Mario Bergoglio, agora Francisco I, como novo sucessor de Pedro no comando da Igreja Católica. Esta é a primeira vez em dois milênios que é escolhido um Santo Padre nascido na América. Há mais de 1300 anos, o eleito pelo conclave sequer era de fora da Europa.
Francisco I, o 266º papa da Igreja Católica, foi eleito depois de cinco votações. O jesuíta de 76 anos não era um dos nomes mais cotados, mesmo assim a  decisão foi rápida, foram apenas cinco reuniões do conclave para que o novo líder da igreja fosse escolhido. O que mostra que uma rápida unidade foi construída em volta do novo papa.

Os desafios do novo pontificado apresentam caminhos árduos, já que muitos analistas indicam que a renuncia de Bento XVI foi motivada pela falta de saúde de Joseph Ratzinger para resolver os problemas enfrentados pela Santa Sé.

Papa Francisco I beija João Paulo II, em 2001 (REUTERS/Paolo Cocco)
Papa Francisco I beija João Paulo II, em 2001
Trajetória Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires. Foi ordenado para os jesuítas em 13 de dezembro de 1969 durante os estudos teológicos na Faculdade de Teologia de San Miguel, onde foi reitor de 1980 a 1986.  Depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba.

Foi nomeado bispo titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires em 20 de maio de 1992 e recebeu a consagração episcopal em 27 de junho do mesmo ano. Em 3 de junho de 1997, foi nomeado Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires e Cardeal Antonio Quarracino em 28 de fevereiro de 1998. Bergoglio atuou como presidente da Conferência Episcopal da Argentina de 8 de novembro de 2005 até 8 de novembro de 2011. Em fevereiro de 2001, foi proclamado cardeal pelo beato João Paulo II.


 (Arte/Soraia Piva)

Desafios Francisco I começa o papado com grandes desafios. A Igreja Católica enfrenta uma estagnação no número de fiéis, bem como a queda no número de padres. Além disso, leis liberais votadas em diversos países ocidentais têm incomodado a igreja. Outro problema que deve ser superado pelo argentino é o escândalo envolvendo denúncias sexuais contra religiosos.

Visita ao Brasil
O novo papa deve visitar ao Brasil em julho, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento internacional organizado pela Igreja Católica que reúne jovens de todo o mundo. Antes disso, não existe nenhuma agenda confirmada na América.
 
Fonte: Arautos do Evangelho
http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2013/03/13/interna_internacional,356743/argentino-e-anunciado-papa-francisco-i.shtml

domingo, 10 de março de 2013

O mundo é um verdadeiro barril de pólvora

Sociedade
Por Austri Junior

Introdução

O ano de 2013 mal começou e já estamos envoltos em meio à tantas e importantes façanhas. Seja em nossa vida pessoal, seja em nossa vida em sociedade. Essas façanhas são realmente relevantes na sociedade e no mundo, e na vida das cidadãs e dos cidadãos, e que muitos de nós sequer o percebemos na sua totalidade. Dentre essas façanhas, gostaria de conversar rápidamente com vocês sobre algumas questões que estão acontecendo aqui (no Brasil) e no mundo, e como de costume, sempre que faço alguma análise, faço-a a partir de um prisma social, lançando sobre a mesma um "Olhar Teológico", e não abro mão disso, pois a teologia, ao contrário de que muitos pensam ou consigam perceber, está presente em tudo... Seja nos acontecimentos sociais ou seja na política, e até mesmo na educação, na arte e na cultura... Por isso essa "Lente Teológica" em minhas escritas. E, somente para esclarecer aos que estão chegando aqui pela primeira vez, digo: "Teologia não é religião. Teologia é Ciência Social." Poucos sabem disso, e muitos não querem saber, mas sempre faço questão de tocar nessa tecla.

Bento XVI

Dentre os fatos que mencionarei, quero começar pelo que na minha opinião, considero ser o mais importantante dentre todos: A renúncia de Bento XVI. Porque que a renúncia de Bento XVI é tão importante para o mundo ou para a minha vida? Alguém pode estar se perguntando nesse momento. Ou, que importância tem isso para um protestante, para um "evangélico", para um mulçumano ou mesmo para um ateu? Bem, isso vai depender da sensibilidade e do nível intelectual de cada um... Quanto mais sábio o homem, maior a sua capacidade de interpretação e maior ainda a sua sensibilidade para compreender o mundo e as coisas à sua volta.



A igreja (instituição), seja ela qual for, ela é política e social, mesmo que viva chafurdada no êxtase do "glória a Deus e aleluia". A igreja católica romana talvez seja a mais política e social de todas as igrejas. Para início de conversa, sabemos que o Vaticano, sede mundial do catolicismo é um país. E é um país com cidadãos espalhados pelo mundo inteiro. Um pais que possui banco, influência e poder politico. A mais recente prova disso foi o esforço político que Joseph Ratzinger fez e com grande êxito para aproximar o ocidente do oriente médio que estão separados há séculos por questões religiosas e políticas. É no campo político que as negociações de paz e convivência são consolidadas, pois a religião divide e separa mais do que re-liga. A iniciativa de Bento XVI de pedir perdão ao povo mulçumano pelos erros do ocidente e pelos erros dos cristãos abriu uma nova fronteira de entendimento entre os dois povos. Então, qual é a relevância desse assunto, ou da igreja católica ou da figura de um papa sábio para a humanidade? Preciso responder? Claro que não, você já tem a resposta.

No início do pontificado de Bento XVI eu fui um grande opositor e crítico ferrenho da figura dele, e escrevi alguns textos contra esse pontífice aqui no blog. Agora, sobre a sua renúncia ao papado, e não importa para mim o motivo da mesma, quero dizer-vos que o admirei profundamente. Sei que a igreja católica tem todos os defeitos de uma igreja (assim como todas as igrejas), e sendo a igreja enorme que ela é, defeitos ainda mais terá: Escândalos sexuais, fraudes financeiras... Bem, sempre costumo dizer: "Entre Deus e o Ministério está o homem. E onde está o homem, aí estão todos os problemas." Imagine uma sociedade (país) onde cada um faz o que bem quer e o que bem entede da sua vida, sem respeitar as leis e a constituição. Assim é o país chamado Vaticano. Os seus cidadãos são como cidadãos de qualquer outra nação: Falhos, corruptos, inconsequentes... Tanto os que estão dentro, quanto os que estão fora do país (quero ressalvar os homens e as mulheres de bem, honestos e éticos). É claro que toda igreja, seja ela um "país" ou não, deve  ter transparência e ética. Deve reconhecer as suas falhas e enfrentar os seus problemas sem maquiagem.


Para fechar o assunto sobre a renúncia de Joseph Ratzinger, penso que ele agiu sabiamente. Um homem com mais de oitenta anos, precisa de paz e sossego. A ICAR tem muitos desafios e problemas pela frente, inclusive a revisão do "Dogma da Infalibilidade Papal". Não é porque João Paulo Segundo ficou na cátedra até a morte que ele tem que ficar também. Quem sabe a função de "cargo vitalício" dos futuros papas não seja revista, e os próximos papas fiquem apenas dez anos no comando da igreja, e quem sabe, os cardeais repensem a nessecidade de eleger um papa mais novo na próxima terça feira? O Vatiticano é o menor país do mundo, mas que possui uma população (de católicos) entre as maiores nações do mundo, esperando pelo anúncio do cardeal protodiácono e decano: "Habemus Papam."

A Venezuela de Hugo Chaves

Hugo Chaves, um oficial militar que tentou tomar o poder à força na Venezuela em 1992, foi eleito presidente daquele país em 1998, está sendo velado, venerado e adorado pelo povo de sua nação, por aproximadamente dez dias.

Em minha opinião o Chaves foi um louco perigoso que se aproveitou de um momento de fragilidade do país e do povo, e tal qual o lider nazista Hitler, ele chegou ao poder com ideias perigosas e manipuladoras. É realmente impressionante como um lider carismático pode conduzir quase uma nação inteira ao fanatismo e à cegueira. Chaves "declarou guerra" aos EUA, chegando ao ponto insano de dizer que os líderes latinos americanos, inclusive ele, estavam sendo "infectados" com algum tipo de vírus cancerígeno pelos Estados Unidos, e há quem acredita nisso. Há pouco comentei na nossa Fan Page Educação Cultura e Sociedade que Goebels, ministro da propaganda nazista tinha orgulho em dizer que "uma mentira repetida várias vezes se trorna verdade." Nesse mesmo texto também comentei que "Para os perversos, exterminar alguém é muito fácil, tudo o que eles precisam é de pessoas com fé para creditar no que dizem."

Como um perverso como o Chaves  que se diz o "paladino do povo" extermina esse mesmo povo? É simples: Iludindo-os, alienando-os, destruindo neles a capacidade de pensar por sí só, destruindo  a capacidade de questionamento e de interpretação, gerando fanatismo e adoração, tornado-os alienados políticos e sociais... Fanatismo cego, irracional que faz o povo sair de longe e acampar diante de um corpo falecido, por longas horas e até dias, sem água, sem comida, desmaiando de calor, fome e mal estar. Agora, esse mesmo corpo será embalçamado e ficará exposto para ser venerado e adorado, assim como foi em vida. Tudo isso tem um motivo e uma razão: A manipulação política e eleitoreira de Nicolás Maduro, que é um sujeito "verde" para governar um país cheio de problemas econômicos e sociais, como é a Venezuela. Maduro é uma "cópia verde", mal  feita, mal acabada e borrada do Chaves.

O Chaves com suas ideias perigosas era carismatico, coisa que o Nicolás Maduro não é. Ele vai tentar proseguir com o "chavismo" e com o "bolivarismo", que o próprio povo já está chamando de "doutrina bolivarista", porque na verdade é mesmo uma doutrina. Doutrina que não aceita e não permite oposição nem ideias contrárias, que castra a liberdade de expressão, assim como é em Cuba. Essa doutrina é uma doutrina perversa capaz de dividir uma nação inteira, e de jogar irmão contra irmão... Por conta dessa doutrina, uma jornalista foi espancada em frente ao hospital onde o Chaves estava. Doutrina é sempre algo perigoso e geralmente dá origem às piores guerras. Doutrinas cegam as pessoas e se transformam em religiões perversas, que repito: "a religião divide e separa mais do que re-liga." Por isso não gosto de doutrinas.

Inocentes foram os que pensaram que com a morte de Hugo Chaves a Venezuela estaria livre. O país está mais acorrentado e enclausurado que nunca, e para não perder o foco teológico, eu diria que só um milagre poderá salvar o povo do chavismo e do bolivarismo nesse momento. A constituição naquele país foi rasgada, o golpe de estado foi estabelecido, e o povo apoia essa sandice. A maioria não quer ser "salva". O que muito eu estranho é que a comunidade internacional não se manifestou contra essa sórdida e oportunista atitude dos chavistas.

Para fechar esse assunto eu quero dizer para a Dona Dilma "presidenta" do Brasil que o Chaves pode ser amigo dela, do Lula e do Zé Dirceu, mas não é meu amigo, e nem eu sou amigo dele. Eu sou parte do povo brasileiro  e nunca vi o Chaves fazer nada pelo povo brasileiro. Ele não fez nem pelo povo dele... Ir à televisão com um discurso mequetrefe e dizer que "o presidente Chaves é amigo do povo brasileiro" é uma mentira muito feia e deslavada.

O Brasil da Dilma

O Brasil de Dilma Roussef caminha chafurdado na violência, cheio de problemas de in-segurança pública, falhas gravíssimas na educação, na saúde e na economia. Para maquiar tudo isso e mais um pouco a "presidenta" anuncia a queda no preço da energia  e logo em seguida percebemos que quem caiu mesmo fomos nós... A inflação está cada vez mais alta e as donas de casa sabem disso melhor que ninguém.




No Dia Internacional da Mulher a "presidenta" veio a plúblico em rede nacional de televisão anunciar a retirada dos impostos de alguns produtos da cesta básica. No entanto, está sendo duramente criticada por ter vetado essa proposta que partiu da bancada do PSDB, e que agora está "posando de boazinha" para o povo brasileiro, em especial para as donas de casa e para as mulheres em geral, com um discurso cheio de "emoção" para conquistar o coração emotivo da mulher (sem discernimento) brasileira. Ora, roubando ou não, a ideia do PSDB (e que diga-se de passagem é uma ideia muito boa), a Dilma está dando visivelmente um golpe eleitoreiro de olho na eleição de 2014.

O que toda mulher (e homens) do Brasil gostaria de ouvir da "presidenta", principalmente as famílias vítimas da violência, é que o Brasil baixou o limite da maior idade, e que os criminosos com 12 anos para cima vão para a cadeia, e serão julgados e condenados por seus atos hediondos. O que todos nós, homens e mulheres do Brasil queremos ouvir, ver e saber é que bandidos que praticam violências contras as mulheres, contra os mendigos e contra toda a sociedade vão responder pelos seus crimes, e que todos os criminosos hediondos, sem excessão alguma, serão condenados com no mínimo trinta anos de cadeia, e não vão sair de lá sem cumprir pelo menos noventa por cento do tempo de prisão determinado para eles...

Queremos ver e saber que os mensaleiros, sejam eles do PT ou do PSDB ou de qualquer outro PODER, serão presos e terão que devolver cada centavo que roubaram, com juros e correção monetária. Queremos ver, saber, ter e usufruir de uma saúde pública de qualidade a altura dos impostos que pagamos. Não queremos ficar jogados no corredor de um hospital sujo, empoeirado e calorento, abandonados e ignorados, cheios de dores como eu já fiquei. Queremos escolas equipadas, educação de qualidade, professores preparados e bem remunerados... Queremos todos os profissionais desse país ganhando dignamente, não somente os políticos e os magistrados que estão lá para legislar e fazer cumprir a lei, mas que não o fazem por que sabem que essas leis poderão ser carrascas deles mesmos ou de alguns dos seu descendentes. Leis severas no Brasil são perigosas para a maioria dos políticos, homens (e mulheres) públicos, visto que essas mesmas leis podem aprisioná-los, tendo em vista que a corrupção e a criminalidade são as marcas de muitos deles. Quero ressalvar aqui também, as mulheres e os homens  públicos de bem, justos, dígnos, éticos e honestos.

Então, sou a favor de que se retire os impostos da cesta básica sim, mas quero também a reforma tributária no país, a reforma política, a revisão do código penal brasileiro, a desobrigatoriedade do voto... Democracia plena se faz com liberdade de expressão, com voto facultativo, com justiça social, entre muitas outras coisas. Quero um pais dígno para mim, para e para todos brasileiros. Não quero ser amigo de ditadores e lunáticos como o Hugo Chaves.

O mundo

Enquanto muitas coisas acontecem no Vaticano, na Venezuela e no Brasil, muitas coisas acontecem também no mundo. Entre essas coisas, estamos vendo a luta do presidente Barack Obama tentando desarmar a nação americana, o Egito em conflitos constantes, a Coreia do Norte desafiando os Estados Unidos com seus mísseis, e isso pode ser preocupante, pois nunca sabemos o tamanho e as proporções que um conflito desses pode chegar, e tudo o que o mundo não precisa, nem agora e nem nunca mais, é de uma guerra mundial. Bastam as guerras locais!


O Irã por sua vez tem também um louco no poder, que atende pelo nome Ahmadinejad, que foi aplaudidíssimo no velório do Hugo Chaves. O Ahmadinejad também é amigo do Lula. Me parece que o Lula não sabe muito bem escolher os seus amigos políticos: Fidel e Raul Castro, Hugo Chaves, Mahmud Ahmadinejad, Evo Morales, as "figurinhas do Mensalão"... Uma parte é constituida de ladrões, outra parte são lunáticos em busca de guerra e de oprimir o povo. É claro que deve ter gente boa nesse meio, e faço questão de ressalvá-los também. Se o Lula estivesse no poder ainda, talvez ele faria aliança com a Coreia do Norte, e se o Hitler e o Napoleão Bonaparte fossem vivos, com certeza eles seriam amigos do Lula também. Estamos sentados sobre um barril de pólvora pronto para explodir.

Austri Junior
Editor do Blog

domingo, 3 de março de 2013

O relojoeiro

Conto
Por Austri Junior

O Big Ben soou doze badaladas... Era meia-noite.
Na escuridão da noite fria londrina ouviu-se o ranger de dobradiças antigas e enferrujadas, vindo de uma pesada porta de madeira antiga e de um sobrado velho, cujas paredes eram muito sujas, apresentando algumas trincas. Uma parca sombra masculina projetou-se na parede do prédio em frente. Sombra essa causada pela pobre e fraca luz que vinha do lampião do único poste que havia na rua, e que iluminava toda aquela redondeza. Trajado totalmente com a cor preta, cujo propósito era mesmo confundir-se com a escuridão noturna, e nela camuflar-se, aquela figura cujo rosto não se podia identificar usava uma indumentária composta de terno, cartola e capa. Um detalhe chamava a atenção: A calça e as botas eram próprias para caçadas. Aquela figura sinistra, cujo rosto não se podia ver, caminhava pelas ruas escuras e perigosas dos guetos de Londres, onde nessa hora da noite, não havia mais ninguém nas ruas. As poucas pessoas que ainda podiam se ver a caminhar eram as prostitutas, os bêbados e os mendigos. Entre eles, pessoas mal intencionadas, como os ladrões e os assassinos. Esses não eram tantos, mas eram o suficiente para levar perigo a quem por essas ruas caminhassem. E o nosso misterioso personagem agora fazia parte desse cenário.

O dia mal amanhecera e as pessoas já podiam ouvir a voz do vendedor de jornais, que aos berros anunciava a manchete do dia:

- Extra, extra! Leiam agora: "Mais uma mulher assassinada"!

Mulheres assassinadas na Londres antiga, em geral eram imigrantes, vindas da Rússia e de outros países europeus em crise financeira e ali chegando, essas mulheres muitas vezes optavam pela prostituição, para conseguirem sobreviver. Isso deu inicio a muito problemas sociais. Contudo, esse fato já era um assunto banal e corriqueiro, porque Todos ali já ouviram falar do famoso Jack, o estripador de Londres. As prostitutas sempre foram alvo da ira de maníacos, assassinos, puritanos e moralistas.

A mesma porta de madeira pesada e antiga no mesmo sobrado velho se abrira nessa manhã, revelando a saída de uma figura masculina, trajando um belo terno de linho, branco, e uma cartola preta estava sobre a cabeça do homem. O Sol de primavera iluminava toda a rua, e Mr. Collins, um cidadão muito respeitado, saíra porta a fora, enquanto esta era fechada atrás de si, e caminhava rumo ao centro da cidade, dentro do seu elegante terno de linho branco, na bôca, um lindo cachimbo de marfim, na mão direita uma linda e luxuosa bengala de marfim cravejada com alguns pequenos diamantes. De longe ele podia ouvir os berros do jornaleiro: "Extra, extra..." Ao entrar na rua principal que dava acesso à sua relojoaria, Mr. Colluins checou as horas, no seu relógio de bolso de ouro maciço, 18 quilates. Ao levantar os olhos avistou o jovem e agitado jornaleiro, que de um lado ao outro da rua, continuava bradando:

- "Extra! Leiam nessa manhã: Mais uma mulher assassinada em Londres"!


Mr. Collins chamou o rapazinho e pediu-lhe um jornal, no que foi prontamente atendido:

- Bom dia Mr. Collins!

- Bom dia Charles.

- Está um lindo dia hoje, o senhor não acha?

- Está sim, Charles.

- Aqui está o seu jornal, senhor.

- Obrigado. Respondeu o relojoeiro, colocando a luxuosa bengala em baixo do braço esquerdo, e enfiando a mão direita no bolso da calça, apanhou uma moeda e entregou ao jovem.

- Mr. Collins...

- Sim, Charles.

- O senhor já vendeu aquele relógio?

- Ainda não. Ele ainda está lá.

- O senhor não me faria um desconto? Já juntei quase todo o dinheiro, e só está faltando um shilling...

- Não! O relógio está la e será de quem o comprar primeiro.


O relojoeiro virou-se, caminhou até a sua loja, abriu a porta, adentrou ao recinto, abriu um armário que estava trancado a chave, pendurou dentro dele a linda bengala com seus diamantes nela cravejados, trancou novamente o móvel e voltou a guardar a chave no bolso direito do paletó. Caminhou até um canto da loja, de onde podia ver a porta de entrada, e o movimentação na rua através da vitrina, então, pôs-se a ler o jornal. Ao ler os detalhes do assassinato da madrugada anterior, narrados pela polícia, deparou-se defronte a uma importante informação: "Devido as proporções dos ferimentos, constatamos sem sombra de dúvida que o assassino desferiu os golpes com uma faca, usando a mão esquerda, como das outras vezes", disse o inspetor de polícia na entrevista ao repórter. Diante desse fato, recostou a cabeça no encosto da sua cadeira de balanço antiga, feita de Pau-Brasil, e disse para si mesmo:

- Uma a menos! Limparei essa cidade da imoralidade, mesmo que tenha que gastar toda minha fortuna. Afinal estou pagando muito bem ao "Canhoto"...


Mal o relojoeiro acabou de pronunciar a sua frase, o cachimbo de marfim caiu da sua mão, os olhos se fecharam e a cabeça pendeu para o lado esquerdo, Um infarto fulminante lhe tirara subitamente a vida. Ele não viveu para "limpar" as ruas de Londres, e agora, a sua fortuna não servirá mais ao moralismo e não mais será a juíza e a carrasca da sociedade. O Criador interrompera os  atos malignos de Mr. Collins e o chamara a prestar contas de todos eles.