domingo, 2 de junho de 2013

O Amor de Deus

Religião
Por Austri Junior
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"Tudo passa nessa vida, eu bem sei..." É com essa frase que Ricardo Sá, cantor católico romano da canção nova, inicia uma bela canção, onde ele canta momentos de dificuldades e de superação em sua vida, e diz: "...descobri que a maior razão, de viver, é sentir o amor de Deus". - Amor de Deus... Muito se fala no Amor de Deus, porém pouco se sabe sobre esse amor, porque vivenciamos pouquíssimo o verdadeiro Amor de Deus. Mas o que é mesmo o Amor de Deus? Para mim o Amor de Deus é acima de tudo, AMOR! Amar é doar-se sem medida, sem troca e sem cobrança, porém, sem perder o senso de justiça, sem perder de vista os limites, até onde cada um pode e deve chegar. O Amor de Deus é Diálogo, compreensão, Perdão, Graça, Misericórdia, Koinonia (comunhão) e Diaconia (serviço).


Amar é doar-se sem perder as características próprias, sem perder a personalidade, sem anular-se, e saber dizer não. O verdadeiro amor conhece bem o conceito "SIM, SIM. NÃO, NÃO". Nós verdadeiramente ainda não conseguimos vivenciar - praticar - o verdadeiro amor, porque  evidentemente não somos Deus. E por mais  que nos esforcemos, não conseguimos alcançar a plenitude desse Amor. Por mais que falemos desse Amor, estaremos longe de "Amar como Jesus amou..." Tenho observado com tristeza profunda, o quanto as pessoas convivem com dois pesos e duas medidas. O quanto o discurso de uma pessoa diz uma coisa e os seus atos nos dizem outra, completamente diferente. Eu poderia falar de muitas situações aqui, entretanto quero focar esse texto apenas na questão da religião, com a certeza de que poderemos levar essas palavras para todos os ambientes por onde caminharmos, socializando-as e contextualizando-as no nosso cotidiano junto às nossas famílias, trabalhos, escolas, sociedade...

Estamos falando sobre o "Amor de Deus", e nesse parágrafo, quero trocar a palavra discurso pela palavra pregação. Sou cristão protestante histórico, e consequentemente, sou um teólogo que caminha na estrada do ecumenismo, sem pré conceitos, e defensor do diálogo,  principalmente do Diálogo Intra Religioso, como defende o teólogo Pannenberg. Antes de prosseguir com a minha reflexão quero fazer um adendo sobre o Diálogo Intra Religioso: Se no Diálogo Religioso devemos conversar com as outras religiões, no Diálogo Intra Religioso devemos conversar dentro da religião. De qual religião falo agora? Falo da religião cristã! Dentro do Cristianismo temos muitas vertentes, tais como: Catolicismo, Protestantismo Histórico, Protestantismo Evangélico, A Igreja Copta (oriunda do Egito), A Igreja Grega Ortodoxa... Essas e tantas outras vertentes possuem as suas inúmeras denominações, e as denominações também possuem as suas vertentes, grupos e movimentos, e ambas, tanto as vertentes, quanto as denominações, são erroneamente confundidas com religião. É muito comum ouvirmos alguma pessoa (incluindo sacerdotes, teólogos e líderes) dizerem: "A religião católica...", ou então: "A religião evangélica..." - catolicismo e evangelicalismo não são religiões - por isso sempre faço questão de tocar nessa tecla, para pedagógica e didaticamente, orientar e esclarecer os leitores.

Continuando, quero me aprofundar um pouquinho mais: Dentro do catolicismo temos a igreja romana (com as suas muitas vertentes), a igreja maronita, a igreja brasileira, a  igreja mexicana... 
Dentro do  protestantismo histórico temos a igreja anglicana (com as suas vertentes), a igreja presbiteriana (também com algumas vertentes), a igreja luterana (e as suas vertentes), a igreja congregacional, a igreja metodista do Brasil (que se dividiu na década de 1960, gerando a igreja metodista wesleyana, que está na vertente das igrejas protestantes evangélicas. Na década do ano 2000 o  movimento evangelicalista chamado G12, que alcançou igrejas históricas como a igreja batista por exemplo, também está se infiltrando na igreja metodista do Brasil, causando rachas e rupturas - que aliás é a característica marcante desse movimento - criando também, dentro do metodismo brasileiro, pelo menos duas vertentes: Os tradicionais e os "avivados").

Dentro do protestantismo evangélico encontramos: A igreja assembleia de Deus (e as suas muitas  vertentes),  a já mencionada igreja metodista wesleyana, a igreja Deus é amor, e tantas outras... Também, dentro do protestantismo evangélico encontramos os movimentos pentecostal e neo pentecostal. É muita coisa, não é mesmo? Isso e muito mais - que não mencionei aqui - tudo em um só bojo:   O CRISTIANISMO!

O interessante é que nenhuma dessas vertentes e denominações não se entendem. É catolicismo contra catolicismo, protestantismo contra protestantismo, protestantismo contra catolicismo e catolicismo contra protestantismo. Resumindo: Cristianismo x Cristianismo! Percebem a importância do DIÁLOGO INTRA RELIGIOSO? E ainda tem a guerra do cristianismo contra as outras religiões, como por exemplo: O espiritismo e as suas vertentes: A umbanda, o candomblé e o kardecismo. E também, contra o budismo, o xintoísmo, o islamismo, o judaísmo,  o santo d'aime... Conseguem perceber também a importância do DIÁLOGO RELIGIOSO? Se conseguirmos compreender as importâncias dos diálogos nesses dois casos, conseguiremos compreender então O AMOR DE DEUS, e compreenderemos que os cristãos estão muito longe desse Amor.

DEUS É DIÁLOGO! Só conseguiremos dialogar se houver amor. em uma relação onde impera a intolerância, o ódio, o escárnio, o deboche, a ironia, o descaso..., jamais o amor conseguirá vencer. Amor é aprendizagem, processo, construção... Por isso insisto em levar adiante a teologia (na minha opinião) verdadeiramente cristocêntrica: A Teologia do Amor! Onde está essa teologia? Estude com atenção o Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo segundo nos relata São Mateus, em seus escritos, entre os capítulos 5 e 9, e acharás a "Teologia do Amor". Esse é o cerne da pregação de Jesus (segundo a minha compreensão teológica). Em meio a toda essa guerra "diabolicamente santa", não estamos deixando espaço suficiente para que o Amor de Deus possa fluir em nossos corações.
"Agora eu sei Jesus, sei que é tempo de recomeçar. Descobri que a maior razão, de viver, é sentir o Amor de Deus..." Nós sentimos o Amor de Deus, mas não conseguimos transmiti-lo!