sábado, 3 de agosto de 2013

Seria a liberdade uma utopia?

Filosofia
por Austri Junior

Quem em sua sã consciência gosta de ser obrigado à alguma coisa? É certo que muitas pessoas fazem algumas coisas por obrigação, como por exemplo trabalhar, estudar... Se pudessem fazer o contrário disso, fariam. Entretanto, apesar de serem obrigadas, ainda assim, optam por fazê-lo.

Em uma democracia realmente democrática (reconheço a redundância), a ideia que temos sobre esse regime político, é de que todos são  (supostamente) livres. Livres para pensar, livres para escrever, livres para falar, livres para agir, livres para ir votar ou para não ir votar. É claro que a ideia de liberdade traz em seu conceito as suas consequências, pois somos todos cidadãos de direitos mas também somos cidadãos de deveres, e não poderia ser diferente disso. A liberdade tem os seus parâmetros e esses parâmetros são as leis e a ética. Ser livre ou ter liberdade não dá ao cidadão e à cidadã o livre arbítrio para fazer simplesmente o que essa pessoa quiser e pronto, tudo vai ficar por isso mesmo. Não é assim que a sociedade funciona. Uma enorme gama da humanidade confunde a liberdade com a libertinagem. Ser livre é respeitar as leis e os direitos de outrem.

Como dizia no parágrafo anterior a ideia de democracia está ligada à liberdade. Como sou livre para fazer o que quero, também sou livre para obedecer e respeitar as leis que não quero. Tenho que fazer o que essa lei determina. Quanto à "liberdade de votar", no Brasil a lei determina que sou obrigado a votar. Mas como sou livre, posso escolher não ir às urnas para votar. Mas a mesma lei que me obriga a ir às unas para votar, me obriga a pagar uma multa se eu não votar. Então, sou livre para obedecer a lei, mas também sou livre para contestar essa lei e sou livre para protestar contra essa lei. Se eu  recusar-me a pagar a multa (cuja arrecadação financeira vai para os cofres dos partidos políticos), então sou livre para exercer a minha liberdade de ir às unas obrigatoriamente, e votar nulo. Essa é apenas uma das formas que tenho para protestar. Mas será mesmo, o voto nulo uma boa forma de protesto? O que eu gostaria mesmo é ser realmente livre para escolher se vou ou não vou à urnas sem ter outra lei que me obrigue a pagar uma multa que vai  para os cofres dos partidos políticos, e se eu não pagar a multa, não posso viajar para o exterior, não posso me matricular em uma faculdade..., entre outras coisas. Estamos amarrados!

Se os valores das multas arrecadadas fossem totalmente destinados às instituições de caridades, às ong's sérias que cuidam principalmente das gentes, e aos projetos sociais que cuidam das crianças (sem desvios e sem mensalões) eu exerceria com prazer a minha "liberdade" de não ir às urnas para votar, e cumpriria com frugal prazer  a minha obrigação de pagar as multas por não ter ido às unas para votar.

"Inspirado" nas obrigatoriedades que temos no Brasil, de: pagar os nossos impostos, servir à "Pátria amada idolatrada" (Salve! Salve!), matricular os nossos filhos na escola, ir à escola para acompanhar a vida escolar dos nossos filhos..., o senador Cristovão Buarque se posicionou em favor do voto obrigatório. Grande decepção, vindo de um "senador da educação"! O dito senador (da educação) alega que se o voto não for obrigatório só serão eleitos os maus políticos. Talvez seja ele, um entre eles (eleitos), pois são os maus políticos em sua maioria, que são favoráveis à obrigatoriedade do voto, suprimindo assim a liberdade do povo.